Cidade do Vaticano, 17 mar (EFE).- O papa Francisco rezou neste domingo o primeiro Ângelus dominical de seu pontificado para cerca de 300 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro e vias anexas, no qual destacou a misericórdia e a paciência de Deus e lembrou suas raízes com a Itália.
Ovacionado com uma longa salva de palmas e com o ondeamento de bandeiras de diversos países por essas 300 mil pessoas, segundo dados da Prefeitura de Roma, o pontífice agradeceu aos presentes por acompanharem-no e novamente disse para que todos rezassem por ele. O pedido já havia sido na última quarta-feira, quando foi eleito sucessor de Bento XVI.
Francisco rezou o Ângelus da janela do apartamento papal, enfeitada com um dossel, já que o líder religioso ainda não definiu o escudo de seu pontificado. O imóvel ainda não é ocupado por ele por estar passando por reformas.
Durante a celebração, o papa lembrou que o evangelho deste domingo apresenta o episódio da mulher adúltera salva por Jesus da condenação à morte.
"Nele não vemos palavras de desprezo, nem de condenação, só de amor, de misericórdia. Ele lhe disse: vai e não peques mais. Essa é a face de Deus, a de um pai misericordioso, que sempre tem paciência", afirmou o pontífice.
Francisco perguntou aos fiéis: "pensastes na paciência de Deus, a que tem com cada um de nós? Essa é sua misericórdia, sempre tem paciência, nos compreende, nos espera, não se cansa de Nos perdoar se recorremos a ele com o coração arrependido".
Em sua linha singela, de pastor, contou que leu um livro do cardeal alemão Walter Kasper sobre misericórdia e que a leitura o fez muito bem. Sorrindo e brincando, fez uma ressalva: "não penseis que faço publicidade dos livros dos meus cardeais".
Para falar da misericórdia de Deus, Francisco também recordou que em 1992, durante uma confissão em Buenos Aires, uma senhora de aproximadamente 80 anos lhe disse: "O Senhor perdoa a todos. Se o Senhor não perdoasse, o mundo não existiria".
"Não nos esqueçamos dessa frase. Deus jamais se cansa de perdoar, jamais. O problema é que nós, homens, nos cansamos de pedir perdão", criticou o pontífice.
"Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo", acrescentou.
O pontífice destacou suas raízes italianas. Para isso, voltou a explicar que escolheu ser chamado de Francisco em homenagem a Francisco de Assis, frade italiano, e a lembrar que sua família procede do norte da Itália.
Antes do Ângelus, o religioso celebrou uma missa na paróquia de Santa Ana, no Vaticano. Durante a homilia, afirmou que a grande mensagem de Deus é a misericórdia e que Jesus não veio ao mundo pelos justos, mas pelos pecadores.
"Digo isso humildemente, a mensagem mais forte do Senhor é a misericórdia", pregou.
Concluída a missa, o papa apresentou aos fiéis um sacerdote do Uruguai, Gonzalo, presidente do Liceu Jubilar João Paulo II, que trabalha na recuperação de meninos de rua e a integração desses jovens na sociedade e no mercado de trabalho.
Na chegada à pequena igreja do Vaticano e também na saída, Francisco cumprimentou os fiéis, tocou alguns e beijou algumas crianças. A alguns, pediu que rezassem por ele.
Também neste domingo, Francisco reativou a conta @Pontifex do Twitter, aberta por Bento XVI e desativada após a renúncia de seu antecessor.
"Queridos amigos, de coração vos agradeço e peço para continuardes a rezar por mim. Papa Francisco", tuitou.
O papa almoçara nesta segunda-feira com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na Casa Santa Marta, onde está alojado nos últimos dias. Um dia depois, celebrará a missa de início de pontificado, à qual assistirão delegações oficiais de 150 países, entre eles do Brasil, e que deverá ter a presença de mais de 1 milhão de fiéis.
O almoço com Cristina Kirchner é considerado pelo Vaticano um "gesto de cortesia e afeto" com a chefe de Estado e com o povo da Argentina, terra natal do pontífice. EFE
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