Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta sexta-feira que não houve ainda uma resposta objetiva do governo sobre o apagão que afetou 30 milhões de consumidores brasileiros na terça-feira da semana passada porque o setor elétrico está privatizado.
A afirmação foi dada durante participação no Fórum Esfera, após o ministro ser questionado sobre a busca do governo brasileiro de ter uma participação no conselho da Eletrobras (BVMF:ELET3) proporcional à fatia de 43% que a União tem na companhia privatizada.
"Quando há incidentes como o que houve há poucos dias, é na porta do governo brasileiro que a sociedade brasileira bate, imprensa bate, setor produtivo bate e é o governo brasileiro que tem que responder pelo setor elétrico brasileiro", afirmou Silveira.
O ministro disse estar "extremamente otimista" com o pleito da União uma vez que a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) neste mês parecer favorável ao governo para que a União tenha o poder de voto na Eletrobras proporcional à sua participação na elétrica.
O pedido foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Advocacia-Geral da União (AGU) em ação direta de inconstitucionalidade em maio.
Para Silveira, "o governo tem esse direito... Para a gente ter um equilíbrio, ter uma participação e até quando cobrado por incidentes como o que aconteceu há poucos dias, nós termos como dar respostas mais objetivas. Todos acompanharam e sabem que nenhuma resposta objetiva foi dada até agora exatamente porque o setor está completamente privatizado", afirmou.
Na véspera, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, disse à Reuters que a apuração sobre as causas do apagão no Brasil na terça-feira da semana passada está sendo a "mais importante da história" para o órgão, apontando que os indícios são de falha técnica e que não haveria culpa do operador.
O Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que irá indicar as verdadeiras causas do apagão que interrompeu mais de 25% da carga de energia do Brasil, deve ficar pronto em 17 de outubro.
O problema foi iniciado a partir da falha em uma linha de transmissão operada pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, que foi sucedida por uma ainda inexplicada queda de várias outras linhas, desencadeando interrupções no fornecimento de energia em todos os Estados conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN).