Por Toby Sterling e Bart H. Meijer
AMSTERDÃ (Reuters) - O populista de extrema-direita Geert Wilders nomeou um "observador" nesta sexta-feira para explorar possíveis coalizões de governo, enquanto ele busca se tornar o próximo primeiro-ministro da Holanda após seu partido conquistar o primeiro lugar nas eleições.
Em um prenúncio de como as negociações podem ser difíceis após o pleito de quarta-feira, o partido VVD, do primeiro-ministro que está deixando o cargo, Mark Rutte, descartou nesta sexta-feira a possibilidade de se juntar a um gabinete do Partido pela Liberdade (PVV), de Wilders.
Entretanto, a nova líder do VVD, Dilan Yesilgoz, disse que seu partido considerará a possibilidade de oferecer apoio marginal.
Wilders, um veterano político anti-União Europeia e anti-imigração, considerou a recusa de Yesilgoz em participar de um gabinete "muito decepcionante", enquanto ele se prepara para construir a primeira coalizão de extrema-direita do país, o que pode ser uma tarefa difícil.
Superando as previsões, o PVV conquistou 37 dos 150 assentos do Parlamento holandês, bem à frente das 25 cadeiras garantidas por uma chapa conjunta do Partido Trabalhista/Verde e das 24 do VVD na votação de 22 de novembro.
A vitória eleitoral de Wilders levou a protestos em várias cidades. Organizações muçulmanas disseram estar preocupadas com o tratamento que receberiam em um possível governo de Wilders, enquanto grupos como o Greenpeace disseram temer a possibilidade de ele reverter políticas ambientais.
Os líderes do partido se reuniram nesta sexta-feira pela primeira vez desde a votação para discutir o resultado com a presidente do Parlamento, que disse que a discussão havia sido "construtiva". Wilders nomeou Gom van Strien, membro de seu próprio partido no Senado holandês, como observador.
O partido de Wilders não conquistou assentos suficientes para governar sozinho e precisará convencer pelo menos mais dois partidos tradicionais a se juntarem ao grupo, sendo o VVD e o Novo Contrato Social (NSC), um partido centrista em ascensão, vistos como os candidatos mais prováveis.
Mas ambos disseram que Wilders teria que abandonar as ameaças de deixar a União Europeia e de mudar as cláusulas da Constituição holandesa que proíbem a discriminação religiosa, entre outras exigências, para que considerem trabalhar com ele.
Os holandeses não são estranhos a longas negociações para formar uma coalizão. Após a última eleição, em março de 2021, foram necessários 299 dias, um recorde.
Se os esforços de Wilders eventualmente fracassarem, outros partidos poderão tentar formar uma coalizão mais centrista sem ele. Novas eleições são a última alternativa caso não seja possível chegar a um acordo de coalizão.