LIMA (Reuters) - O escândalo envolvendo propinas pagas pela Odebrecht no Peru durante três governos está se revelando maior do que o imenso caso de corrupção que derrubou o ex-presidente Alberto Fujimori, disse o procurador-geral peruano nesta quarta-feira.
Pedindo paciência aos peruanos ansiosos para saber os nomes das autoridades que receberam 29 milhões de dólares em propinas da Odebrecht, Pablo Sánchez disse que os promotores estão trabalhando duro para capturar qualquer, segundo ele, “peixe grande” envolvido.
“Esse é um caso muito grande. Eu ouso dizer que é até maior do que aquele com o que lidamos antes”, disse o procurador-geral Pablo Sánchez à imprensa, em referência ao caso do governo Fujimori.
Fujimori fugiu do Peru para o Japão em 2000, quando promotores investigavam anos de esquemas de corrupção que Vladimir Montesinos, seu chefe de espionagem, negociara com juízes, parlamentares e empresários. Fujimori acabou extraditado para o Peru, onde foi condenado e preso por corrupção e abusos contra os direitos humanos.
José Ugaz, o procurador que comandou a investigação de Fujimori e atualmente líder do grupo anticorrupção Transparência Internacional, descreveu a extensão da corrupção no governo Fujimori como única, porque abrangeu instituições inteiras.
O reconhecimento da Odebrecht de que pagou propinas a autoridades importantes peruanas não identificadas entre 2005 e 2014 levantou questionamentos sobre se os três presidentes peruanos depois de Fujimori não foram também corruptos, provocando alguns pedidos para que fossem presos antes que pudessem fugir.
Os ex-presidentes Alan García e Alejandro Toledo negaram envolvimento nos esquemas da Odebrecht.
O também ex-mandarário Ollanta Humala já havia negado anteriormente receber propinas da Odebrecht, mas não fez nenhuma declaração pública desde que o escândalo estourou em dezembro.
Sánchez disse que os promotores avaliavam a abertura de um inquérito formal em relação a Humala no caso Odebrecht. Humala já é suspeito numa investigação sobre lavagem de dinheiro envolvendo a Odebrech e foi proibido de deixar o país sem permissão de um juiz.
Na semana passada, autoridades do Peru prenderam duas antigas autoridades do governo de García acusadas de receberem propinas da Odebrecht, e um terceiro suspeito já deixou o país.
“Não é uma investigação fácil”, disse Sánchez. “Certamente um monte de gente quer que ela fracasse. Estamos conseguindo informações pouco a pouco.”
A Odebrecht disse à Reuters nesta terça que esperava chegar a um acordo judicial com o Peru num período de duas a quatro semanas.
(Reportagem de Mitra Taj)