SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) decidiu adotar novo corte na produção de petróleo e ajustar a taxa de processamento em suas refinarias, em medidas tomadas diante da contração da demanda global pela commodity e por combustíveis", informou a companhia em fato relevante nesta quarta-feira.
A produção de petróleo da estatal passará a sofrer corte de 200 mil barris diários a partir desta quarta-feira, em volume que inclui uma redução anunciada em 26 de março, de 100 mil barris por dia, antes prevista para durar até o final do mês.
"A duração da restrição, assim como potenciais aumentos ou diminuições, será continuamente avaliada", afirmou a petroleira, que levará em consideração "condições mercadológicas e operacionais" para definir quais campos serão alvo dos cortes.
A companhia acrescentou ainda que "está ajustando o processamento de suas refinarias, em linha com a demanda por combustíveis".
O movimento da Petrobras vem após impactos do coronavírus sobre o mercado. Com medidas de isolamento adotadas pelo mundo para reduzir o ritmo de propagação da doença, a demanda por petróleo pode cair em 20%, ou cerca de 20 milhões de barris por dia, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA).
No Brasil, a demanda por combustíveis nos postos caiu cerca de 50%, segundo avaliação da Fecombustíveis, que representa revendedores no Brasil.
A destruição da demanda tem levado refinarias de todo o mundo a cortar produção, com redução nas taxas de processamento em unidades nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
O mercado de petróleo também tem sido impactado por perspectivas de excesso de oferta, após o colapso no mês passado de um acordo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) com aliados para restringir a oferta.
Desde então, Arábia Saudita e Rússia iniciaram uma guerra de preços por participação no mercado que ajudou a derrubar as cotações internacionais do petróleo, que acumulam perdas de mais de 60% em 2020.
CORTES DE DESPESAS
A Petrobras também informou que sua subsidiária integral Transpetro aprovou um plano de resiliência com medidas para postergar ou otimizar desembolsos no valor de 507 milhões de reais em 2020.
Em paralelo, a Petrobras detalhou algumas ações que serão tomadas para cumprimento de um corte de 2 bilhões de dólares em gastos operacionais da companhia, anunciados no final de março.
Segundo a estatal, foram tomadas decisões que pouparão aproximadamente 700 milhões de reais em despesas com pessoal.
As medidas incluem postergação do pagamento de entre 10% e 30% da remuneração mensal de empregados com função gratificada (gerentes, coordenadores, consultores e supervisores), além de redução temporária da jornada para cerca de 21 mil empregados, de 8 horas para 6 horas.
"A companhia segue monitorando o mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes", acrescentou a petroleira.
(Por Luciano Costa)