Investing.com – Após a divulgação da prévia operacional da Petrobras, diante de preços mais baixos do petróleo, analistas entendem que a companhia pode apresentar um resultado operacional sequencialmente mais fraco.
No entanto, os dados foram praticamente deixados de lado, com ênfase para as estimativas de pagamentos de proventos da petroleira diante da resiliência da geração de caixa da companhia. Analistas esperam pelo menos cerca de US$2 bilhões em dividendos ordinários, mas não perdem as esperanças para distribuições extra.
Às 11h14 (de Brasília), os papéis estavam praticamente estáveis. As ações preferenciais (BVMF:PETR4) registravam queda de 0,22%, a R$36,01, as ordinárias (BVMF:PETR3) subiam 0,08%, a R$39,35, enquanto as American Depositary Receipts (ADRs) (NYSE:PBR) ganhavam 0,11%, a US$13,81.
Produção da Petrobras
A Petrobras registrou produção de petróleo no Brasil de 2,129 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no terceiro trimestre, uma queda de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado, em meio a paradas para manutenção e declínio em campos maduros.
Enquanto isso, a produção total, contemplando óleo, LNG e gás natural chegou a 2,689 milhões de boed, em linha com os três meses anteriores, mas queda anual de 6,6%.
A produção trimestral foi marginalmente inferior, o que era antecipado pela XP (BVMF:XPBR31), que acredita que “uma redução substancial dos estoques pode impulsionar os próximos resultados”.
O anúncio não deve ser uma surpresa completa para os investidores, disse o Goldman Sachs (NYSE:GS), tendo em vista que a Agência Nacional do Petroleo (ANP) divulga dados mensais da produção do mercado de petróleo brasileiro. “Como tal, acreditamos que o anúncio de hoje deve ser visto como um não-evento”, dizem os analistas Bruno Amorim, Guilherme Costa Martins e Guilherme Bosso.
A produção total de 2,689 milhões de barris de óleo equivalente por dia no terceiro trimestre superou as projeções do Safra em 2%, estando em linha com os níveis do 2T24.
“Este resultado reflete o aumento da produção do FPSO de Sepetiba, que atingiu pico de produção com três novos poços, e a performance dos FPSO de Almirante Barroso e Maricá, ambos beneficiados com o início da produção de um novo poço, e o início de cinco novos poços de injeção na bacia do Santos”, esclareceu o Safra, ponderando que os ganhos teriam sido parcialmente compensados por um maior volume de paradas para manutenção e retração na produção de campos pós-sal.
O que esperar do balanço trimestral?
Após a divulgação dos dados operacionais, as atenções dos investidores estão no balanço da petroleira, que será divulgado em 7 de novembro. A percepção de alguns analistas é de que, com a prévia operacional apresentada, e preços mais baixos do petróleo, os resultados de EBITDA podem registrar uma queda trimestral.
O banco BTG (BVMF:BPAC11) espera um trimestre ligeiramente inferior, com preços mais baixos do brent em 7% na base trimestral influenciando os dados, ainda que “a produção estável e as vendas mais fortes do que o previsto deverão ajudar a compensar o impacto”. A estimativa do BTG é de um EBITDA recorrente em US$ 11,6 bilhões e dividendos ordinários de US$ 2,1 bilhões.
O Itaú BBA também estima US$ 11,6 bilhões em EBITDA, o que “deverá apoiar um fluxo de caixa operacional de US$ 9,0 bilhões no trimestre”, além de um capex de US$3,4 bilhões, em linha com a sazonalidade histórica e com o cumprimento do guidance para este ano.
A XP concorda que preços mais baixos do petróleo devem levar a resultados sequencialmente mais fracos e espera um EBITDA de US$11,1 bilhões, além de um lucro líquido de US$4,1 bilhões, e fluxo de caixa em torno de US$3,6 bilhões.
Enquanto isso, o Safra estima um EBITDA de R$62,9 bilhões (em torno de US$11,1 bilhões na cotação desta terça), uma margem EBITDA de 52% e um lucro líquido de R$29,5 bilhões (cerca de US$5,16 bilhões).
Dividendos seguem em foco - e podem ser bilionários
Analistas mencionados no conteúdo esperam dividendos ordinários entre US$2,05 bilhões e US$2,6 bilhões – mas entendem que pagamentos extraordinários da petroleira podem ocorrer.
O BTG, que estima US$2,1 bi em proventos ordinários, um rendimento de 2,5%, não descarta dividendos extraordinários na divulgação de novembro.
“Juntamente com o novo Plano Estratégico de 5 anos, poderiam ser os principais gatilhos para as ações (potencialmente ainda mais do que os resultados trimestrais)”, ressaltam os analistas Pedro Soares, Henrique Pérez e Thiago Duarte.
A projeção do Itaú BBA é de pagamento de dividendos ordinários de US$2,5 bilhões para o trimestre, um rendimento de 3%, além de um possível dividendo extraordinário de US$ 2,6 bilhões, ressaltam os analistas Monique Natal, Eric de Mello e Bruna Amorim, que ponderam que alterações nos limites de dívida e fluxo de caixa, atualmente em discussão, podem impactar nesses valores.
A projeção do Safra é de dividendos de R$11,7 bilhões no trimestre (cerca de US$2,05 bi na cotação desta terça), ou um rendimento de 2,5%.
Enquanto isso, a XP prevê dividendos ordinários de US$2,6 bilhões (2,8% de yield), e espera que a companhia divulgue dividendos extraordinários de até US$4 bilhões, resultando em 4,6% de yield.
Recomendações:
- Goldman Sachs: Compra, com preço-alvo de R$39,70 para PETR4; R$43,70 para PETR3; US$14,40 para PBR_A e US$15,90 para PBR.
- BTG: Compra, com preço-alvo de US$19 para PBR
- Itaú BBA: Outperform (compra), com preço-alvo de R$48 para PETR4 e US$17,5 para PBR/A
- XP: Compra, com preço-alvo de R$46 para PETR3 e PETR4 e US$17 para PBR e PBR/A.