Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A diretoria da Petrobras (SA:PETR4) discute ainda na tarde desta sexta-feira uma proposta feita por um conselheiro de administração que consiste no congelamento de preços de combustíveis pela empresa por 45 dias, além da formação de um grupo de trabalho com representantes da companhia, mercado e governo, em busca de uma nova fórmula de reajuste, segundo três fontes com conhecimento do assunto.
A proposta de autoria do conselheiro Francisco Petros foi encaminhada ao presidente da estatal e aos ministros das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, conforme informou mais cedo o jornal Valor Econômico.
Nos 45 dias de prazo, haveria tempo para a Petrobras tentar convencer o governo a implantar um programa de subsídio a combustíveis, como forma de amenizar os reajustes aos consumidores, segundo uma das fontes. Isso permitiria que a empresa seguisse preços de mercado.
Como contrapartida ao congelamento temporário dos preços, a União se comprometeria a manter a atual governança da companhia com a retirada tanto das indicações do secretário de desestatização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, para substituir o presidente José Mauro Coelho, quanto aquelas dos conselheiros que representam o acionista controlador, disse o jornal em sua edição online.
Uma das fontes que confirmou à Reuters a reunião disse considerar difícil o governo voltar atrás nas indicações do novo presidente, assim como dos novos conselheiros.
Nesta sexta-feira, após o anúncio de reajuste dos preços do diesel e gasolina pela Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro voltou a expressar descontentamento com a direção da companhia.
Ele chamou de "traição" o novo reajuste dos combustíveis e afirmou que já conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para articular a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o conselho da estatal petrolífera.
Lira pediu a renúncia imediata do presidente da Petrobras, dizendo que líderes parlamentares discutirão a possibilidade de dobrar a taxação dos lucros da estatal.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia não comentou assunto imediatamente.