RIO DE JANEIRO (Reuters) - O fator de utilização das refinarias da Petrobras (SA:PETR4) ultrapassou 80% em janeiro, contra média de 76% em 2019, em meio a uma valorização dos derivados escuros no mercado global, como óleo combustível de baixo teor de enxofre e combustível náutico (bunker), afirmou nesta quinta-feira a diretora de Refino e Gás, Anelise Lara.
A Petrobras tem se beneficiado de novas normas globais para o bunker, que visam a redução das emissões de gases do efeito estufa e tiveram início neste ano, uma vez que o petróleo do pré-sal brasileiro tem baixo teor de enxofre.
O fator de utilização, segundo Lara, depende "das condições de mercado, da capacidade das refinarias produzirem os derivados que estão sendo mais demandados pelo mercado".
"O óleo combustível de baixo teor de enxofre e o bunker estão bem valorizados no mercado, então hoje é vantajoso do ponto de vista do refino produzir mais essas correntes escuras, e essa estratégia é claro que entra na equação na hora de definir qual é o fator que será utilizado em cada refinaria", disse Lara, a jornalistas.
"Não adianta querer ter fator de utilização de 95% e produzir derivados que serão vendidos a preços inferiores ao do petróleo cru... essa equação tem que ser bem feita."
Durante coletiva de imprensa sobre os resultados de 2019, a diretora também comentou que a empresa perdeu participação no mercado de combustíveis do ciclo otto no ano passado, com o etanol mais atrativo que a gasolina nas bombas.
No entanto, Lara pontuou que a petroleira já percebe uma melhoria na participação da gasolina no mercado otto, devido a uma alta no preço do açúcar no mercado global, que também sustenta o valor do etanol.
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)