Por Marta Nogueira e Gram Slattery
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) registrou em 2018 lucro líquido de 25,8 bilhões de reais, após quatro anos consecutivos de prejuízos, informou a petroleira nesta quarta-feira, mas ainda há "muito a fazer e muitos desafios a superar", na avaliação do presidente, Roberto Castello Branco.
Foi o primeiro desempenho positivo depois de estourar o escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato, no início de 2014.
No entanto, o resultado ficou muito abaixo de estimativa da Refinitiv I/B/E/S, de 34,9 bilhões de reais, em grande parte devido a baixas contábeis e acordo de pagamento com a agência reguladora ANP no quarto trimestre, mostraram dados no relatório financeiro da empresa do ano passado.
Excluindo o impacto dos itens especiais, o lucro líquido seria de 35,97 bilhões de reais e o Ebitda ajustado de 122 bilhões.
O resultado ocorreu após a Petrobras ter reportado um prejuízo líquido de 446 milhões de reais em 2017.
O desempenho no ano, segundo a petroleira, refletiu o maior lucro operacional e a melhora do resultado financeiro, resultante de menor despesa com juros e de maiores receitas financeiras devido aos ganhos com a renegociação de dívidas do setor elétrico.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no ano passado somou 114,8 bilhões de reais, ante 76,5 bilhões de reais em 2017. No quarto trimestre, indicador somou 29,16 bilhões de reais.
A receita de vendas da Petrobras totalizou 349,8 bilhões de reais em 2018, aumento de 23 por cento ante 2017, refletindo os maiores preços dos derivados de petróleo no mercado interno, principalmente diesel e gasolina, e das exportações, afirmou a empresa.
ACIONISTAS
O resultado líquido permitirá remuneração total aos acionistas de 7,1 bilhões de reais no exercício de 2018, ou 0,2535 real por ação ordinária e 0,9225 real por preferencial.
Após um importante plano para reduzir a dívida, a empresa registrou no fim de 2018 indicador dívida líquida sobre Ebitda ajustado de 2,34 vezes, inferior à meta de 2,5 vezes, e o endividamento líquido alcançou 69,4 bilhões de dólares, uma queda de 18 por cento ante 2017.
A taxa de acidentes registráveis alcançou 1,01 acidentes/ milhão de homens-hora, com decréscimo de 6,5 por cento em relação a 2017, porém ligeiramente superior ao limite de alerta para 2018, de 1,0, informou a companhia.
Em balanço financeiro publicado ao mercado, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a performance da companhia foi "indiscutivelmente a melhor em muitos anos", mas ponderou que há "muito a fazer e muitos desafios a superar".
"Temos que melhorar substancialmente a alocação do capital através do foco nos ativos em que somos o dono natural e promover a saudável competição por capital entre nossos projetos de investimento", declarou.
"Uma empresa opera com prejuízo até que consiga remunerar o capital empregado em suas operações, o que não conseguimos fazer ainda."
Entre outubro e dezembro de 2018, a empresa reportou lucro líquido de 2,1 bilhões de reais, ante prejuízo de 5,5 bilhões de reais nos últimos três meses de 2017.
O resultado do quarto trimestre sofreu impacto da redução do preço do petróleo Brent e das margens nas vendas de derivados, além da ocorrência de itens especiais, que totalizaram 6,3 bilhões de reais, tais como acordo com ANP relacionado ao Parque das Baleias, baixas contábeis e perdas com contingências.
"Se excluídos os itens especiais, o lucro líquido seria 8 bilhões de reais e o Ebitda ajustado 31 bilhões de reais", disse a empresa em seu relatório.
PRODUÇÃO CRESCE EM 2019
A produção de petróleo e gás da Petrobras em 2018 caiu 5 por cento em 2018 ante o ano anterior, para 2,628 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), enquanto entre outubro e dezembro houve uma alta de 6 por cento ante o trimestre anterior, de acordo com a petroleira.
O volume anual sofreu principalmente com as vendas dos campos de Lapa, no pré-sal da Bacia de Santos, e de Roncador, importante produtor da Bacia de Campos, além dos efeitos do término dos Sistemas de Produção Antecipada (SPAs) de Tartaruga Verde e Itapu e ao declínio natural da produção.
Mas a entrada de quatro plataformas de produção em operação ao longo do ano contribuiu com a alta nos últimos três meses, quando a produção média foi de 2,659 milhões de boed.
Para 2019, a empresa projeta aumento da produção de petróleo e gás natural para 2,8 milhões de boed (alta de 6,5 por cento ante 2018), sendo 2,3 milhões de boed de petróleo no Brasil.
"Este crescimento será viabilizado pelo ramp-up das plataformas recém-instaladas e pela entrada em operação da P-77 e da P-68", disse a companhia.