Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) não descarta um novo reajuste dos combustíveis em 2015 se o dólar continuar a subir ante o real, após a estatal ter anunciado elevação dos preços da gasolina e do diesel na noite de terça-feira, disse uma fonte da empresa à Reuters nesta quarta-feira.
"Se o dólar subir mais ainda, é claro que vamos ter que fazer novo aumento para manter preço competitivo", afirmou a fonte da Petrobras, que falou sob condição de anonimato.
O reajuste, acrescentou a fonte, visa dar sinalização positiva aos acionistas com relação à política de paridade de preços de combustíveis da Petrobras ante o mercado externo.
"A gente acompanha sempre os movimentos do petróleo Brent e do dólar, e a gente achou que tinha fazer (um aumento). A discussão se intensificou na semana passada, depois que a alta (da moeda norte-americana) se intensificou e o dólar mostrou que ficaria acima dos 4 reais", disse a fonte da Petrobras.
No fim da terça-feira, a Petrobras divulgou aumento de 6 por cento nos preços da gasolina e de 4 por cento no diesel nas refinarias a partir desta quarta, no primeiro reajuste desses combustíveis da atual diretoria e num momento em que a forte alta do dólar eleva os custos de importação e a dívida em moeda estrangeira da companhia.
Segundo a fonte ouvida pela Reuters, a alta dos combustíveis no mercado interno é resultado principalmente do movimento cambial, e não da variação dos preços do petróleo no exterior, embora haja nesse segundo semestre uma tendência de aumento nos valores do diesel fora do Brasil, devido à maior demanda pelo produto no inverno no Hemisfério Norte.
Com o reajuste de preços, a diretoria comandada por Aldemir Bendine, que assumiu o posto de presidente-executivo em fevereiro, busca ganhar a confiança do mercado, ainda que haja falta de clareza sobre a fórmula para a alta dos preços dos combustíveis adotada pela Petrobras.
"Nós buscamos preços competitivos e alinhados ao mercado internacional. Essa é a política do presidente Bendine para garantir a competitividade da companhia. A meta é ter custos competitivos, mas temos de ter preços competitivos", afirmou a fonte.
Ainda de acordo com a fonte, a companhia tem "que dar retorno ao acionista", e isso pesou na decisão sobre o reajuste.
"Essa é a sinalização. Nosso acionista tem que confiar que ao colocar dinheiro na companhia vai ter retorno, que é uma boa coisa e, para isso, temos que ter operações eficientes, com custos adequados. Essa é a indicação que temos que dar."
As ações da Petrobras abriram em forte alta na bolsa paulista, reagindo ao anúncio do reajuste dos combustíveis, com as preferenciais e as ordinárias avançando cerca de 9 por cento perto das 10h30, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 2,45 por cento.