Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) completou mais de 50 dias sem reajustar a gasolina em suas refinarias, apesar de um aumento nos preços internacionais do combustível, o que implica em uma defasagem que afeta importadores, disse uma associação do setor.
O último reajuste da gasolina ocorreu em 27 de setembro e, desde então, o produto está com o preço médio congelado no maior nível em mais de cinco meses, a 1,7935 real por litro.
O atual preço da gasolina praticado nas refinarias é o maior desde 10 de junho, quando o combustível atingiu cerca de 1,814 real por litro.
A ausência de reajustes é considerada crítica pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que apontou uma elevação de 6% no preço da gasolina no mercado internacional desde o último ajuste feito pela Petrobras. A entidade foi criada em julho de 2017 e atualmente reúne 9 empresas importadoras com atuação no país.
Já o diesel --combustível mais comercializado do Brasil-- está estável em 2,1927 reais por litro nas refinarias da Petrobras desde 1º de novembro.
"Com o avanço do câmbio e preços da commodity, o custo do produto teve alta 4,4%... Apesar da expectativa de atualização nos preços domésticos ainda na última sexta-feira, estes foram mantidos. Ajuste necessário da ordem de 0,10 real/litro", disse a Abicom, em nota.
Procurada, a Petrobras reiterou em nota que sua política de preços para a gasolina e o diesel segue os princípios da paridade de importação, formada pelas cotações internacionais destes produtos mais os custos que importadores teriam, como transporte e taxas portuárias.
A empresa ressaltou, no entanto, que "o preço de paridade de importação não é um valor absoluto, único e percebido da mesma maneira por todos os agentes".
Segundo a empresa, os reais valores de importação variam de agente para agente, dependendo de características, como as relações comerciais no mercado internacional e doméstico, o acesso à infraestrutura logística e a escala de atuação.
A estatal ressaltou que renomadas agências de informação têm publicado indicadores de preços de paridade com diferenças significativas.
"Importante destacar que não houve interrupção nas importações, tanto de diesel quanto de gasolina, realizadas por terceiros para o mercado doméstico brasileiro, o que evidencia a viabilidade econômica das importações realizadas por agentes eficientes de mercado", disse a empresa.
O repasse dos preços nas refinarias para os consumidores finais, nos postos, depende de uma série de questões, como as margens da distribuição e revenda, incidência de impostos e mistura de biocombustíveis.