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Petrobras (PETR4): Veja 5 polêmicas envolvendo a empresa no governo Lula

Publicado 29.05.2023, 06:51
© Reuters.
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Investing.com – Após um ano de 2022 com lucros e distribuição de dividendos recorde, antes mesmo das eleições, analistas passaram a reavaliar as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) com receios sobre as possíveis mudanças sob um novo governo. Em 2023, a cautela segue no foco dos investidores, que estão atentos a fatores polêmicos relacionados à precificação e decisões estratégicas sobre os investimentos da companhia.

Analistas consultados pelo Investing.com Brasil detalham cinco pontos de atenção que devem ficar no radar nos próximos anos da gestão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

1. Nova política de preço de combustíveis

A estatal de petróleo anunciou neste mês de maio sua nova estratégia comercial para diesel e gasolina, deixando a política anterior de paridade de importação (PPI), que atrelava os valores às cotações do dólar e do petróleo. O argumento da companhia é de que deveria haver um maior equilíbrio entre o mercado nacional e internacional para diminuir a volatilidade excessiva. Apesar das críticas sobre a falta de objetividade das novas regras, muitos analistas ficaram aliviados com o fato de os preços não se afastarem completamente dos preços internacionais.

O consenso dos entrevistados é de que as regras ficam menos claras e a periodicidade deve ser alterada, com um provável um alongamento entre os anúncios, aumentando a incerteza frente a possíveis choques no futuro, caso haja elevações relevantes nas cotações das commodities energéticas ou uma apreciação do dólar frente ao real.

Para a Argus Brasil, a mudança aumenta a complexidade da precificação, acrescentando variáveis ​​de mercado interno, competitividade e market share.

Há preocupações da Petrobras que possuem respaldo, pondera Amance Boutin, especialista em combustível da Argus Brasil, como o martket share do mercado. “Os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que a Petrobras perdeu market share, perdendo participação da gasolina Nordeste e no diesel Sul”, aponta. Com uma capacidade instalada de refino, seria preciso focar na otimização do produto disponível.

Rafael Winalda, analista de óleo e gás e utilities do Inter, avalia que o texto atual difere pouco da política de paridade de importações (PPI), pois ainda encontra referência nos preços internacionais. “No curto prazo, não muda quase nada. Mas os questionamentos ficam para o longo prazo, como a Petrobras lidará com a dinâmica com altas no dólar ou petróleo”, aponta.

O mercado esperava algo pior, lembra Arlindo Souza, analista de ações do TC. “O principal é receio é o velho medo de se vender combustível subsidiado. É uma conta que não fecha e, como o mercado de combustíveis possui um giro muito rápido, isso prejudica muito o balanço da companhia quando acontece. Ao que tudo indica, não é isso que vai acontecer com a nova política de preços”.

A metodologia segue vaga, reforça Souza. “Faltou a fórmula da precificação, isso ainda não tem. O que tem são posicionamentos da companhia em seguir práticas de mercado. Mas a Petrobras é o mercado brasileiro. O que seria essa prática?”, indaga.

2. Política de investimentos em refinarias

Nos últimos anos, a companhia vinha realizando um amplo programa de desinvestimentos, com previsão de vendas de outras refinarias, repassadas a players privados. A medida tinha como objetivo abrir o mercado para a concorrência, fortalecer e caixa e diminuir índices de endividamento. No entanto, o atual governo quer reverter esse processo, pausando as vendas para ampliar a capacidade de refino.

A retomada do investimento em refinarias no país, estratégia que já foi realizada em gestões anteriores do PT, é vista com cautela pelos especialistas. Além da ampliação dos gastos, a Operação Lava Jato e o Tribunal de Contas da União (TCU) constataram irregularidades em investimentos sob gestão petista no passado.

Winalda acredita que essa estratégia vai na contramão do mundo. Nos Estados Unidos, as empresas têm alocado capital em outras frentes e a temática ESG vem ganhando força, com investimentos em outras matrizes energéticas, de acordo com o especialista.

O analista do TC concorda que as petroleiras internacionais têm focado mais em alternativas de transição energética e a Petrobras estaria “investindo no passado”. Souza avalia que os investimentos em refinarias são ruins para a concorrência, com muito poder de concentração na companhia. “Todo novo investimento acaba gerando um receio sobre o risco retorno desses investimentos. Será se não é melhor fechar o gap importando? Novas refinarias demandam muitos recursos e levam tempo”, completa.

3. Nova fronteira petrolífera (Margem Equatorial)

A foz do Amazonas faz parte da Margem (Equatorial), com uma área de mais de 2.200 quilômetros que vai do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte. A área, próxima da Linha do Equador, possui um grande potencial para descoberta e exploração petrolífera em águas profundas e ultraprofundas, segundo a Petrobras. Outras empresas fizeram descobertas recentes em regiões próximas, como na Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Por isso, a estatal acredita que a região ao longo da costa teria potencial para garantir a demanda energética brasileira.

Boutin acredita que o debate em torno do tema deve ser um dos pontos chave para mostrar o quanto o governo está ou não comprometido com a agenda ambiental.

Apesar do embate a respeito da minimização de impactos ambientais, a empresa possui disposição para essa apresentar os planos necessários para diminuir externalidades negativas, considera Winalda. “O cenário político pode ser um entrave, mas nada que não possa ser superado”.

Para Souza, a situação lembra o processo da usina de Belo Monte. “Hoje, o pré-sal corresponde a uma parcela imensa, mas já está sendo explorado há uns bons anos. A Petrobras precisa pensar na próxima bacia que será explorada. A Margem Equatorial (BVMF:EQTL3), acho muito difícil não sair, ainda que haja uma série de ruídos e preocupações”.

4. Nova fronteira energética

A Petrobras decidiu iniciar seu processo de transição energética e estuda a possibilidade de instalar eólicas offshore, que ficam no mar, e não na terra. A Petrobras já assinou uma carta de intensões com a companhia norueguesa Equinor (OL:EQNR) para avaliar se a construção de projetos eólicos na costa brasileira seria viável, nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul.

O objetivo da Petrobras com a estratégia de diversificação no portfólio é reduzir as emissões operacionais de gases de efeito estufa – a meta é neutralizar as emissões nas atividades de controle da companhia até 2050.

O problema estaria no custo, pois essa é uma das fontes de energia renovável mais caras. Os analistas argumentam que investimentos em offshore são consideravelmente mais caros do que onshore, o que poderia inviabilizar financeiramente essa estratégia, se for necessário capex relevante em outras frentes, como as citadas acima.

“Estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que as offshore são bem caras, cerca de três ou quatro vezes o capex de uma onshore. Só por esse sentido o investimento não valeria a pena. E quando olhamos para o mercado de energia brasileiro, temos sobreoferta”, afirma Winalda.

Ainda que os ventos em alto-mar sejam mais estáveis, resultando em maior capacidade, o receio é de que, mesmo assim, não seja o suficiente para compensar a estratégia com esse gasto maior.

Outros segmentos também podem contar com investimentos relacionados à transição energética, incluindo hidrogênio verde e captura de carbono.

5. Governança

Com o novo governo, diretoria e Conselho passaram por uma série de mudanças. O governo Luiz Inácio Lula da Silva ignorou recomendações de setores de governança da estatal e elegeu membros do Conselho de Administração que haviam sido considerados inelegíveis.

A partir das alterações, com vagas ocupadas por nomes indicados pelo governo, a expectativa é de que a nova gestão facilite as promessas de campanha de Lula. De seis vagas, três foram preenchidas por pessoas rejeitadas pelo comitê interno que avalia possíveis problemas relacionados à governança.

Com Conselho ainda recente, a visão dos analistas é de que ainda é cedo para avaliar a governança sob o novo governo, mas o tema vai permear os receios dos investidores nos próximos meses.

Apesar das experiências, ainda há mecanismos de proteção no estatuto, lembra Souza.

Segundo os analistas consultados, os problemas de governança podem surgir em busca de estratégias que vem sendo defendidas, como a redução dos preços dos combustíveis e elevação dos investimentos em refino, com menor rentabilidade em comparação com a produção de petróleo.

O Inter conta com classificação também neutra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$40. O TC, por sua vez, atualizou a recomendação para compra, com preço-alvo de R$42. A média das estimativas de analistas compiladas pelo InvestingPRO é de um preço-justo de R$41,09, potencial de alta de 53,3%.

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