Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) prevê retomar a produção de fertilizantes nitrogenados na unidade Ansa, no Paraná, no segundo semestre de 2024, enquanto projeta concluir a obra de outra unidade produtiva em Três Lagoas (MS), para iniciar a produção em 2028, disseram executivos da estatal nesta sexta-feira, durante apresentação do plano estratégico.
No caso da Ansa, a unidade está hibernada desde 2019 e sua retomada demanda investimentos classificados como de manutenção, disse o diretor executivo de Processos Industriais e Produtos, Willian França.
"Estamos finalizando levantamento de necessidades para que a gente possa fazer a licitação", disse o executivo a jornalistas, pontuando que também estão em andamento estudos de financiabilidade, recursos humanos, dentre outras questões para a Ansa.
Já para a retomada da obra e conclusão da fábrica em Três Lagoas, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que estão em estudo diferentes soluções.
"A gente conversou por exemplo na China, com parceiros que têm interesse em finalizar e se tornarem sócios. Pode acontecer isso e pode acontecer de a gente terminar por nós mesmos e depois trazer sócios", disse Prates, em coletiva com jornalistas sobre o novo Plano Estratégico da empresa.
As afirmações confirmam reportagem da Reuters sobre o assunto nesta semana. A Petrobras vem sinalizando um retorno ao setor desde que a nova gestão assumiu.
O CEO também destacou que a empresa avalia formas de recuperar a rentabilidade de fábricas de fertilizantes nitrogenados arrendadas na Bahia e em Sergipe para a Unigel.
"Os atuais cessionários alegam que apesar de terem tido períodos bons, quando o mercado estava em alta, agora que está em baixa estão tendo dificuldades. Nós, como temos as plantas, não podemos deixar a peteca cair", afirmou.
Recentemente, a Unigel chegou a colocar centenas de funcionários em aviso prévio na unidade da Bahia, que está paralisada, alegando que o custo do gás não justificava a operação da planta, mas voltou atrás apontando que estava em tratativas com a Petrobras para uma solução.
Prates afirmou que uma solução para o curto prazo poderá ser a assinatura de um acordo com a Unigel, para que eles operem a planta para a Petrobras por seis meses, em acerto que poderá ser prorrogado por mais seis meses.
Nesse acordo, segundo os executivos, a Unigel permaneceria como arrendatária, mas atuaria como uma prestadora de serviços. Dessa forma, a Petrobras entregaria o gás para a operação, e a ureia produzida seria da petroleira.
Para o longo prazo, entretanto, outras soluções estão em estudo, como a incorporação das duas plantas de volta pela Petrobras, assim como a possibilidade de criação de uma joint venture entre Petrobras e Unigel, e até mesmo a atração de um terceiro parceiro para o negócio.
De acordo com Prates, a intenção de retomar a fabricação de fertilizantes passa não só pela necessidade do Brasil, grande produtor agrícola que importa a maior parte de suas necessidades.
Mas também "porque faz sentido para nós dentro do túnel da transição energética entrar nos fertilizantes, porque daí que vão nascer novos produtos, amônia verde, fertilizantes do futuro, a gente precisa estar com um pedaço do mercado", afirmou.
O diretor financeiro da Petrobras, Sérgio Caetano Leite, afirmou que os investimentos em fertilizantes passarão pela governança e também consideram a capacidade de geração de valor, ao responder questão sobre a lógica econômica do investimento.
(Por Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Fábio Teixeira)