A Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou nesta 5ª feira (23.nov.2023) que investirá US$ 3,1 bilhões para atividades de exploração na Margem Equatorial (BVMF:EQTL3). O montante faz parte do Plano Estratégico da companhia para os próximos 5 anos (2024 a 2028).
Ao todo, a estatal destinará US$ 7,5 bilhões para o desenvolvimento de projetos de exploração, uma alta de 25% ante o plano quinquenal aprovado em 2022. As bacias do Sudeste, onde estão localizados os principais poços da empresa, também terão o mesmo investimento que a Margem Equatorial. Já a exploração em outros países terá um total de US$ 1,3 bilhão.
A companhia comunicou que estão incluídos nesses investimentos a perfuração de aproximadamente 50 poços em áreas onde a empresa tem direito de exploração em blocos adquiridos, mas não deu detalhes de onde serão a maior parte desses empreendimentos.
Esse investimento similar entre as áreas do pré-sal e a Margem Equatorial marcam um ponto de mudança nas prioridades da Petrobras na exploração de reservas petrolíferas. Com a descoberta de altos volumes na região pela Guiana, a estatal brasileira indica seus recursos para a região na costa do Amapá.
Contudo, a exploração da Margem Equatorial tem sido um ponto de inflexão entre o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a Petrobras. Isso porque a petroleira pretendia realizar uma perfuração exploratória na Margem Equatorial em 2023, mas teve a licença negada pelo órgão ambiental em maio.
Ao longo do ano as duas partes negociaram a permissão para realizar atividades na região, mas o Ibama se manteve irredutível e argumentou que a empresa deve apresentar mais estudos que respaldem as operações no local.
Diante da negativa, a Petrobras mantém a Margem Equatorial em seu horizonte de operações para 2024. Em outubro, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, declarou que pretende perfurar a Foz do Amazonas no 1º semestre do ano que vem.
O Ibama, por outro lado, comunicou na 4ª (22.nov) que ainda não tem uma conclusão sobre a possibilidade de exploração de petróleo na Margem Equatorial pela Petrobras, mas que está fazendo um trabalho prioritário quanto ao tema e deve ter uma resposta já no início de 2024.
A Margem Equatorial compreende toda a faixa litorânea ao norte do país. Tem esse nome por estar próxima da Linha do Equador. Começa na Guiana e se estende até o Rio Grande do Norte. A porção brasileira é dividida em 5 bacias sedimentares, que juntas têm 42 blocos.
O bloco FZA-M-59, que teve a licença negada pelo Ibama em maio, tem potencial de ter 5,6 bilhões de barris de óleo, segundo estudos já feitos pela estatal. Trata-se de um possível incremento de 37% nas reservas de petróleo brasileiras, atualmente em 14,8 bilhões de barris.
Embora esteja localizado na Bacia da Foz do Amazonas, o bloco não fica próximo da foz do rio Amazonas. A área onde seria perfurado o poço de petróleo se encontra a 500 km de distância da foz e a cerca de 170 km do rio Oiapoque, no Amapá.
Plano Estratégico 2024-2028
A Petrobras anunciou nesta 5ª feira (23.nov) que seu Plano Estratégico 2023-2024 totaliza US$ 102 bilhões em investimentos. O planejamento –que até 4ª (22.nov) ainda tinha detalhes sendo negociados pelo presidente da estatal e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)– foi aprovado nesta 5ª feira pelo Conselho de Administração da empresa.
O montante de investimentos é 31% superior ao do plano passado, que estabelecia US$ 78 bilhões em 5 anos. Foi aprovado no final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).