Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal disse nesta quarta-feira que deflagrou uma operação para combater a extração ilegal de ouro e crimes ambientais conexos em uma fazenda no Pará por onde passa a linha de transmissão de energia Xingu-Rio, responsável por escoar a energia gerada pela hidrelétrica de Belo Monte ao Sudeste.
Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva e nove mandados de busca e apreensão em Curionópolis (PA), Marabá (PA) e em Goiânia (GO). Também está em cumprimento a decisão judicial de sequestro de bens e valores em 161 milhões de reais e a inalienabilidade da fazenda, avaliada em 200 milhões de reais.
Segundo a PF, o proprietário da fazenda, alvo de mandado de prisão, é um grande empresário pecuarista, que não tem permissão de lavra garimpeira ou concessão de lavra emitida pela Agência Nacional de Mineração (ANM), e tampouco dispõe das licenças ambientais.
Conforme as apurações, movimentações financeiras do suspeito apontam a existência de intermediários na venda do ouro extraído ilegalmente. A investigação indica ainda que o empresário buscou apagar evidências de crimes ambientais e, portanto, sua liberdade coloca em risco a obtenção de provas e a persecução penal.
A PF disse que o trabalho policial teve início a partir de denúncia de moradores das proximidades da fazenda e informação da transmissora Xingu-Rio, controlada pela State Grid Brazil, que, durante a fiscalização das 4.448 torres de energia, percebeu que a extração de ouro se aproximava da linha de transmissão.
O dano ambiental causado devido à extração ilegal de minério é estimado em 20 bilhões de reais, disse a PF, valor mensurado a partir da vastidão da área de extração ilegal, desmatamento, escavações, gravíssima contaminação do solo, assoreamento e contaminação do rio próximo a propriedade com mercúrio e outras substâncias.