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Por Nandita Bose e Patrick Wingrove
WASHINGTON (Reuters) - A Pfizer e o presidente norte-americano, Donald Trump, disseram nesta terça-feira que fecharam um acordo no qual a fabricante de medicamentos sediada nos EUA concordou em reduzir os preços dos medicamentos prescritos no programa Medicaid para o que é cobrado em outros países desenvolvidos em troca de alívio tarifário.
Trump também disse que a Pfizer ofereceria o preço de nação mais favorecida em todos os novos medicamentos lançados nos EUA e sinalizou que outros fabricantes de medicamentos seguirão o exemplo.
As ações da Pfizer subiram mais de 6%, e a notícia também elevou as ações da Eli Lilly, MSD, Amgen, AbbVie e GSK devido ao alívio dos investidores que não sofrerão os piores efeitos das tarifas.
Os pacientes dos Estados Unidos atualmente pagam, de longe, os valores mais altos por medicamentos prescritos — muitas vezes quase três vezes mais do que em outros países desenvolvidos — e Trump tem pressionado as farmacêuticas a reduzirem seus preços para níveis semelhantes aos pagos por pacientes em outras partes do mundo.
TRUMPRX SERÁ LANÇADO EM 2026
A Pfizer fará parte do novo site direto ao consumidor da Casa Branca para os norte-americanos comprarem medicamentos, chamado TrumpRx, que será lançado em 2026.
"Os Estados Unidos não estão mais subsidiando o sistema de saúde do resto do mundo", disse Trump, em um evento no Salão Oval, acompanhado pelo presidente-executivo da Pfizer, Albert Bourla, pelo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., e outros.
Vários fabricantes de medicamentos já estabeleceram preços diretos ao consumidor para alguns de seus medicamentos, a serem listados em um novo site do grupo de lobby norte-americano PhRMA, e aumentaram os preços de suas terapias no Reino Unido, de acordo com o desejo de Trump de compensar as reduções de preços nos EUA.
Em 25 de setembro, Trump anunciou que imporia uma tarifa de 100% sobre as importações de produtos farmacêuticos de marca ou patenteados a partir de 1º de outubro, a menos que o fabricante de medicamentos esteja construindo uma fábrica nos EUA.
ACORDO DA PFIZER INCLUI PERÍODO DE CARÊNCIA DE 3 ANOS
A Pfizer é a primeira fabricante de medicamentos a anunciar um acordo. Trump enviou cartas a 17 importantes empresas farmacêuticas em julho, solicitando que reduzissem os preços para equipará-los aos pagos no exterior. Ele pediu que elas respondessem com compromissos vinculantes até 29 de setembro.
Fontes de cinco grandes fabricantes de medicamentos disseram à Reuters que o anúncio Trump-Pfizer pegou suas empresas de surpresa e que elas assistiram à coletiva de imprensa da Casa Branca para avaliar suas implicações.
A Pfizer investirá US$70 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e fabricação doméstica e recebeu um período de carência de três anos durante o qual seus produtos não estarão sujeitos às tarifas voltadas para o setor farmacêutico, "desde que, é claro, movamos os produtos para cá", disse Bourla.
A Pfizer disse que a grande maioria de seus tratamentos de cuidados primários e algumas marcas especializadas selecionadas serão oferecidas com uma economia que pode chegar a 85% e, em média, 50%. De acordo com um pôster exibido no evento, esses tratamentos incluirão o medicamento para artrite reumatoide Xeljanz, que tem um preço de tabela de mais de US$6.000 por mês, o tratamento para enxaqueca Zavzpret, o medicamento para dermatite Eucrisa e o medicamento para osteoporose pós-menopausa Duavee.
As ações das farmacêuticas subiram porque as concessões de preço são limitadas ao Medicaid, disse Daniel Barasa, gerente de portfólio da empresa de investimentos Gabelli Funds.
Barasa disse que o acordo foi "um resultado altamente favorável para o setor". Considerando que o Medicaid já se beneficia de descontos e abatimentos substanciais - superiores a 80% em certos casos - o impacto incremental sobre os fabricantes é relativamente mínimo".
Novos preços para o Medicaid também estão programados para entrar em vigor em 2026, disse uma autoridade do governo em uma coletiva com a imprensa. A política de preços baseada em “nação mais favorecida” será calculada com base no menor valor pago em oito outros países ricos, após taxas e descontos.
Mais de 70 milhões de pessoas são atendidas pelo Medicaid, o programa voltado para pessoas de baixa renda. No entanto, os gastos com medicamentos nesse programa são significativamente menores em comparação com o Medicare — seu programa irmão — que atende pessoas com 65 anos ou mais ou com deficiência, e não foi incluído no anúncio desta terça-feira.
(Reportagem de Nandita Bose, Jarrett Renshaw, Katherine Jackson e Susan Heavey em Washington; Maggie Fick em Londres; Patrick Wingrove em Nova York, Sneha S K em Bengaluru e Deena Beasley em Los Angeles)