Por Alexandra Alper
WASHINGTON (Reuters) - Os planos da fabricante de chips norte-americana Nvidia Corp (NASDAQ:NVDA) de vender tecnologia para a chinesa Huawei serão frustrados se o governo dos Estados Unidos prosseguir com uma proposta para restringir ainda mais as remessas para a empresa na lista negra norte-americano, mostra um relatório preliminar de um contratado do governo.
O governo de Joe Biden tem considerado limitar os itens que autoriza empresas norte-americanas a enviar para a gigante de equipamentos de telecomunicações Huawei Technologies Co, que foi adicionada a uma lista negra comercial dos EUA em 2019, mas que continua recebendo bilhões em mercadorias dos EUA sob um plano especial implementado pela administração de Donald Trump.
"A alteração proposta para 2023 do licenciamento (do Departamento de Comércio) provavelmente terá um alto impacto econômico na Nvidia", de acordo com trechos do esboço do relatório visto pela Reuters, referindo-se ao "valor da licença pendente" da empresa.
Os planos da Nvidia de vender para a Huawei não foram noticiados anteriormente.
Um porta-voz da Nvidia se recusou a comentar o documento, dizendo: "O mercado da China apresenta uma oportunidade significativa para a indústria de semicondutores dos EUA. Embora não possamos comentar sobre quaisquer solicitações de licença pendentes, trabalhamos com clientes e parceiros em todo o mundo para cumprir todas as controles de exportação e atender à demanda do mercado”.
Um alto funcionário do Departamento de Estado disse que o documento era um esboço preliminar preparado por um terceirizado, e o departamento "não teria aprovado o relatório em sua forma atual". Também disse que o governo "escreveu e contratou vários relatórios sobre esse assunto, com base em diferentes contingências, que chegam a conclusões muito diferentes".
A Casa Branca e o Departamento de Comércio se recusaram a comentar. A Huawei não respondeu a um pedido de comentário.
O documento mostra que o governo Biden está tentando avaliar o impacto nas empresas norte-americanas das mudanças propostas na política da Huawei antes de impor novas regras que possam prejudicar os fluxos de receita projetados em um momento em que a indústria de tecnologia já está cambaleando. Também fornece uma visão incomum sobre a questão politicamente delicada de quais empresas norte-americanas estão buscando laços comerciais com a Huawei, uma das empresas chinesas mais penalizadas em Washington.
A Reuters não conseguiu saber os detalhes da mudança de política específica cujo impacto estava sendo avaliado no relatório.
O relatório sugeriu que a Qualcomm provavelmente sofreria um "impacto econômico moderado" com a mudança na política, em contraste com a Huawei. De fato, a perda de acesso aos chips de modem da Qualcomm teria um impacto maior na Huawei, prevê o relatório, já que a Huawei "depende fortemente dos chips de modem da Qualcomm para oferecer suporte à sua oferta de smartphones".
A Qualcomm não respondeu a um pedido de comentário.
(Reportagem adicional de Karen Freifeld e Stephen Nellis)