Por Patricia Vicente Rua
LISBOA (Reuters) - O governo de Portugal informou nesta quinta-feira que planeja vender o controle acionário da companhia aérea estatal TAP, após aprovar o processo de privatização da empresa com o objetivo de desenvolver o setor de aviação nacional.
"O conteúdo do decreto contempla objetivos para o crescimento da TAP, crescimento do hub nacional, crescimento e empregos no setor da aviação, melhor utilização dos aeroportos nacionais e preços", disse o ministro das Finanças, Fernando Medina, a jornalistas.
A intenção do governo é vender ao menos 51% de participação na aérea, mas a fatia que ficará nas mãos do Estado ainda não foi determinada. Os funcionários da TAP receberão outros 5%.
Medina disse que os licitantes têm de ser players do setor com escala relevante e não investidores de natureza estritamente financeira.
A privatização da companhia aérea já atraiu o interesse da Lufthansa, Air France-KLM e IAG, dona da British Airways.
O presidente-executivo da IAG, Luis Gallego, disse na quarta-feira que a TAP se enquadraria perfeitamente no perfil do grupo, mas que empresa ainda precisava ver as condições da venda.
"O grupo Lufthansa procura sempre ter um papel ativo na consolidação do mercado. É por isso que a planejada venda de participação na TAP é interessante para nós", disse à Reuters um porta-voz da Lufthansa.
A companhia aérea alemã e a TAP se complementariam, especialmente por meio das rotas da TAP para a América do Sul, acrescentou o porta-voz.
Medina destacou que há valor nas "conexões privilegiadas" da TAP com o mundo de língua portuguesa, incluindo países como o Brasil, Angola e Moçambique.
"Há companhias aéreas interessadas, e o interesse delas é público, o que recebemos como um sinal positivo para o sucesso desta operação", disse.
O governo planeja aprovar a documentação completa da privatização com os termos e requisitos até o final do ano e concluir o processo até meados de 2024, acrescentou ele.
A aérea, que tem passado por reestruturação, registrou lucro líquido de 23 milhões de euros no primeiro semestre, ante prejuízo de 202 milhões de euros um ano antes, diante de forte crescimento da receita.
(Reportagem adicional de Sergio Gonçalves e Ilona Wissenbach)