Por Sergio Goncalves e Catarina Demony
LISBOA (Reuters) - O órgão de fiscalização do mercado financeiro de Portugal iniciou investigações em várias empresas nas quais a bilionária angolana Isabel dos Santos detém participações, depois que o promotor-chefe de Angola disse que ela poderá encarar um mandado de prisão internacional se não cooperar em uma investigação sobre desvio de recursos.
Autoridades de Angola nomearam Isabel, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos e supostamente a mulher mais rica da África, como suspeita de improbidade administrativa e apropriação indevida de recursos públicos enquanto era presidente da petrolífera estatal Sonangol em 2016 e 2017. Ela nega irregularidades.
Em Portugal, Isabel dos Santos detém participações significativas em várias empresas importantes.
A chefe do órgão regulador de mercado português, CMVM, Gabriela Figueiredo, disse que iniciou as investigações no início desta semana em duas dessas empresas, a petrolífera Galp Energia e a empresa de telecomunicações NOS, bem como em companhias de auditoria não especificadas.
A Galp se recusou a comentar e um porta-voz da NOS disse que a empresa não tinha comentários até então.
O jornal português Expresso disse que várias pessoas ligadas a Isabel também foram apontadas como suspeitas formais, incluindo Nuno Ribeiro da Cunha, diretor do banco português Eurobic e gerente da conta da Sonangol na instituição.
A polícia disse nesta quinta-feira que Ribeiro da Cunha foi encontrado morto na garagem de sua casa em Lisboa na noite de quarta-feira, depois de aparentemente cometer suicídio. Ele tentou cometer suicídio no início deste mês, informou a polícia.
Ninguém no Eurobic estava imediatamente disponível para comentar.
O Eurobic, no qual Isabel possui uma grande participação, disse na quarta-feira que a empresária decidiu vender a participação no banco.