Bruxelas, 26 jun (EFE).- O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, declarou nesta terça-feira que o aumento da integração da zona do euro se dará por fases, começando em breve pela união bancária, que não requer mudanças nos tratados.
Outras questões, como a "união orçamentária", podem exigir alterações nos tratados comunitários, necessitando de um prazo maior, afirmou Barroso durante uma apresentação em um centro de estudos em Bruxelas.
Barroso apresentou os principais elementos do relatório que elaborou com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para a cúpula comunitária que acontece na quinta e na sexta-feira.
O documento, divulgado hoje, pede avançar rumo a uma maior integração financeira, orçamentária e econômica. Esse cenário traria maior controle sobre os orçamentos, eurobônus em médio prazo e um Tesouro europeu em longo prazo, assim como um fundo de resgate com mais poder.
Barroso disse que "pode conseguir rapidamente" a união bancária sem mudanças no tratado, e afirmou que o passo "é necessário" porque "a crise revelou cruamente o nível de insuficiência da coordenação da supervisão bancária".
O dirigente também antecipou que a Comissão Europeia apresentará, nos próximos meses, propostas para criar um órgão fiscal comum europeu e um sistema comum de garantia de depósitos e de resolução de crises bancárias.
O processo requereria unanimidade dos 27 membros, e o representante preferiu não estimar um prazo para sua realização.
A união orçamentária e fiscal prevê um marco integrado que implicaria tomar mais decisões no nível da UE e avançar rumo à emissão de dívida comum.
O movimento requer "mais coordenação na política fiscal e um enfoque europeu muito mais forte em assuntos orçamentários", afirmou Barroso.
O fato de que "alguns países não estão prontos" para uma mudança de tratado, segundo o presidente da instituição, levou-o a apostar em "combinar a ambição com os procedimentos adequados" já que não podem "gerar falsas expectativas". Barroso disse que irão "começar pela união bancária, porque isso se pode fazer rapidamente".
No entanto, o dirigente advertiu que o caminho é irreversível e que "o ritmo da integração europeia não pode ser o do país-membro mais lento. Não podemos aceitá-lo", sentenciou.
Barroso lembrou que o Reino Unido e a Dinamarca têm isenções para entrar no euro, e que outros países ainda não estão prontos.
Assim, os países do euro iriam "mais rápido", mas abertos aos que quiserem aderir à moeda.
A maior integração econômica e financeira da UE, argumentou Barroso, além de ser a única saída para a zona do euro, é desejada pelos mercados e os parceiros internacionais da União, como se viu na cúpula do G20 em Los Cabos (México).
"Isso é completamente novo. Antes, mais integração era considerado um pedido dos federalistas", observou. EFE