Por Fernando Kallas e Emma Pinedo
MADRI (Reuters) - O presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, disse nesta sexta-feira que não vai renunciar diante da pressão de políticos, jogadores, sindicatos e da Fifa por ter beijado a jogadora Jenni Hermoso na boca após a conquista da Espanha na Copa do Mundo feminina.
O governo não pode demitir Rubiales, mas tentará suspendê-lo através de um procedimento legal perante um tribunal desportivo, disse o chefe do conselho desportivo estatal, Victor Francos, aos jornalistas.
"Queremos que tudo isto seja um 'Me Too' do futebol espanhol", afirmou Francos.
Esperava-se que Rubiales renunciasse em uma reunião de emergência da federação nesta sexta-feira, mas em vez disso ele disse que se recusava a ser forçado a sair e reclamou que "falsas feministas" estavam "tentando me matar".
Ele chamou o beijo de um “beijinho” que foi “espontâneo, mútuo, eufórico e consensual”.
"Será que um beijo consensual vai me tirar daqui? Não vou renunciar. Vou lutar até o fim", disse Rubiales, arrancando aplausos do público predominantemente masculino.
As críticas aumentaram ao longo da semana pelo incidente que ocorreu enquanto as jogadoras recebiam suas medalhas depois de derrotar a Inglaterra por 1 x 0 na final da Copa do Mundo, no domingo. Enquanto as jogadoras passavam, Rubiales agarrou Hermoso pela cabeça e deu um beijo em sua boca.
A ministra do Trabalho em exercício, Yolanda Díaz, classificou o discurso do dirigente na sexta-feira como "inaceitável", escrevendo nas redes sociais: "O governo precisa agir e tomar medidas urgentes: a impunidade para ações machistas acabou. Rubiales não pode continuar no cargo".
A ministra interina da Igualdade, Irene Montero, disse que a promotoria e o conselho esportivo CSD deveriam agir para proteger Hermoso.
O episódio do beijo culminou com a abertura de procedimentos disciplinares contra ele pela Fifa na quinta-feira, depois que Hermoso disse em comunicado na quarta-feira que seu sindicato estava trabalhando para defender seus interesses e que tais atos “nunca deveriam ficar impunes”.
Rubiales inicialmente reagiu de forma desafiadora, descrevendo seus críticos como "idiotas". Mas ele rapidamente voltou atrás, postando um vídeo de desculpas gravado durante o voo de volta de Sydney.
À medida que se tornou evidente que o pedido de desculpas não tinha ganho força - com o primeiro-ministro Pedro Sánchez descrevendo-o como "insuficiente" - os líderes regionais da RFEF realizaram uma reunião de crise em Madri na quinta-feira para discutir o futuro de Rubiales e as opções para um potencial sucessor, disse uma fonte à Reuters.
O sindicato dos jogadores de futebol FIFPro afirmou em comunicado que escreveu à Uefa, onde Rubiales é vice-presidente, solicitando que iniciasse um processo disciplinar. A Uefa não quis comentar.