TÚNIS (Reuters) - O presidente da Tunísia, Kais Saied, nomeou Najla Bouden Romdhane, uma engenheira universitária pouco conhecida com experiência no Banco Mundial, como primeira-ministra nesta quarta-feira, quase dois meses depois de assumir a maioria dos poderes com uma manobra que seus inimigos classificaram de golpe.
Romdhane, a primeira mulher premiê da Tunísia, tomará posse em um momento de crise, já que os avanços democráticos conquistados em uma revolução de 2011 estão em dúvida e uma grande ameaça paira sobre as finanças públicas.
Engenheira geológica, Romdhane foi responsável pela implantação de projetos do Banco Mundial no Ministério da Educação, mas tem pouca experiência de governo.
Falando em um vídeo publicado na internet, Saied disse que a nomeação homenageia as mulheres tunisianas e que lhe pediu que proponha um gabinete nas próximas horas ou dias "porque perdemos muito tempo".
O novo governo deve reagir às exigências e à dignidade dos tunisianos em todos os campos, inclusive a saúde, o transporte e a educação, acrescentou ele.
Saied, que demitiu o premiê anterior, suspendeu o Parlamento e assumiu poderes executivos amplos em julho, sofre uma pressão doméstica e internacional crescente para formar um novo governo.
Na semana passada, ele descartou a maior parte da Constituição, dizendo que pode governar por decreto e controlar o governo sozinho durante um período de emergência sem prazo definido.
A Tunísia enfrenta a iminência de uma crise de finanças públicas depois de anos de estagnação econômica agravados pela pandemia de coronavírus e disputas internas. Os títulos governamentais estão pressionados e o custo para se proteger de seu calote atingiu uma alta recorde.
(Por Tarek Amara)