Cidade do Vaticano, 24 mai (EFE).- O presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR) - conhecido como Banco do Vaticano -, Ettore Gotti Tedeschi, foi destituído nesta quinta-feira pelo Conselho de Supervisão da entidade, confirmou o escritório de imprensa da Santa Sé em comunicado.
A destituição do dirigente italiano, de 67 anos, foi decidida por unanimidade pelos membros do Conselho de Supervisão, "por não ter desenvolvido várias funções de primeira importância para seu cargo", acrescenta o comunicado.
"Durante uma sessão ordinária deste Conselho de Supervisão do IOR, realizada em 24 de maio de 2012 às 14h, este conselho adotou uma moção de censura contra o presidente Gotti Tedeschi e pediu o fim de seu mandato como titular e membro do conselho", assinalou o IOR em comunicado divulgado pelo escritório de imprensa.
Os membros do conselho de supervisão do IOR - prossegue o comunicado - "estão entristecidos com os eventos que levaram ao voto de censura, mas consideram que esta ação é importante para manter a vitalidade do instituto".
O IOR, ressalta a nota, "olha para frente" e já busca um novo "e excelente presidente que ajude a recuperar eficazes e amplas relações entre o IOR e a comunidade financeira baseadas no mútuo respeito dos padrões bancários internacionalmente aceitos".
Nesta sexta-feira haverá uma reunião da comissão cardinalícia que controla o IOR para analisar a decisão do conselho e decidir os passos a seguir.
Gotti Tedeschi está sendo investigado pela procuradoria de Roma desde setembro do ano passado por suposta violação das normas sobre a prevenção da lavagem de dinheiro. Junto a ele também é alvo de investigações o diretor-geral do IOR, Paolo Cipriani.
A procuradoria indaga duas operações bancárias que previam a transferência de 20 milhões de euros à JP Morgan de Frankfurt e de outras três entidades à Banca del Fucino.
Segundo os investigadores, os dois dirigentes do IOR não forneceram as informações necessárias impostas pela normativa contra a lavagem de capitais.
O IOR, com sede na Cidade do Vaticano, foi fundado pelo papa Pio XII em 1942 e tem personalidade jurídica própria. No início dos anos 1980, o banco vaticano se viu envolvido no escândalo da quebra do Ambrosiano, de Roberto Calvi, que se enforcou debaixo de uma ponte de Londres em 1982. O IOR foi reformado em 1989 pelo papa João Paulo II. EFE