O procurador do Ministério Público Federal (MPF) José Maria Panoeiro, responsável pela investigação da fraude contábil que levou ao rombo de mais de R$ 20 bilhões da Americanas (BVMF:AMER3), disse nesta terça-feira - em audiência pública da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o caso - que há negociações em curso para acordos de delação premiada na condução das investigações.
Panoeiro, que atuou na investigação do empresário Eike Batista, diz que, no caso da varejista, as apurações mostram possibilidade de delito de ação criminosa, associação criminosa, falsidade ideológica e insider trading.
"Costumo dizer que, em delitos de empresas, a cadeia decisória da companhia normalmente é envolvida", disse ele aos parlamentares.
Para ele, cargos como os de CEO, diretor presidente, diretor financeiro, diretor de controladoria e de relações com o mercado são exemplos de executivos que, pela sua experiência teria conhecimento de uma fraude da magnitude da Americanas.
"Ficam perguntas sobre o conhecimento e participação a acionistas de referência", afirmou Panoeiro.
Ele disse que, no entanto, as investigações estão em curso e que ainda não houve indiciamentos. "Mais cedo ou mais tarde algumas medidas cautelares devem ser necessárias", afirmou.
Acrescentou ainda que acredita que o acesso a mensagens que envolvem a diretoria da companhia e o conselho de administração e processos que envolvem bancos têm, até agora, período de tempo limitado. A seu ver, porém, é preciso haver investigações anteriores. "União de B2W com Americanas precisa ser investigada", disse.
Ele entende que, quando o rombo veio à tona, a companhia já se preparava para trazer as informações ao público. "Já havia um cálculo", diz. A seu ver, é preciso saber se as práticas datam de antes da fusão das duas empresas.