WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, pediu nesta quarta-feira que o Congresso do país adote medidas que ajudem promotores a construir processos criminais contra altos executivos de Wall Street, dizendo que as empresas muitas vezes eximem seus líderes de responsabilidade por má conduta.
Em um discurso na Escola de Direito da Universidade de Nova York, Holder fez um de seus mais extensos comentários até o momento por uma melhoria no combate aos crimes de colarinho branco. Ele pediu ao Congresso norte-americano para aumentar recompensas para denunciantes de Wall Street e financiar mais agentes do FBI com conhecimentos sobre contabilidade forense.
O Departamento de Justiça tem enfrentado anos de críticas pela falta de processos que sejam referência contra executivos de Wall Street pela conduta que contribuiu para a crise financeira de 2007-2009.
O departamento chegou a acordos multibilionários com instituições financeiras como JPMorgan Chase, Bank of America e Citigroup, em casos que envolveram informações enganosas sobre riscos de instrumentos de investimento atrelados a hipotecas vendidos antes da crise. Mas nenhuma pessoa enfrentou acusações relacionadas a isso.
No discurso, os estudantes distribuíram folhetos criticando a participação de Holder por "negligência", dizendo que ele "permitiu a impunidade" dos bancos com relação à venda de ativos tóxicos e que tinha "se recusado a processar" as instituições por outros crimes.
"Quando se trata de fraude financeira, o departamento reconhece o valor inerente de propor ações de execução contra os indivíduos, em vez de simplesmente as empresas que os empregam", disse Holder.
Mas ele disse que os promotores nem sempre conseguiram identificar se executivos de alto escalão distantes das operações do dia-a-dia sabiam sobre um esquema em particular. Ele disse que níveis difusos de autoridade frequentemente dificultam a indicação do nome da pessoa responsável por decisões individuais nos negócios.
Holder sugeriu que congressistas considerem uma regra na Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, determinando que um único executivo assine relatórios de contabilidade e seja responsabilizado por informações falsas, e que analisem se isso poderia ser aplicado a outras áreas de crime corporativo.