Por Catarina Demony e Miguel Pereira
LISBOA (Reuters) - A brasileira Ieda Ferreira acordou cedo para se juntar a uma longa fila na capital portuguesa, Lisboa, sua casa nos últimos cinco anos, para votar no segundo turno da eleição presidencial. O Brasil, disse ela, está mais dividido do que nunca.
"O Brasil se tornou muito polarizado", declarou a eleitora de 46 anos, que usava vermelho, cor associada ao PT. "O governo que está no poder... prega o ódio e a violência."
Ieda é uma das dezenas de milhares em Lisboa, a cidade com o maior número de eleitores brasileiros no exterior, a enfrentar filas para votar em uma disputa tensa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
Quase 81 mil brasileiros em Portugal podem votar, com mais da metade registrados em Lisboa, segundo dados do consulado. Vídeos nas redes sociais também mostraram longas filas em Londres, Paris e Madri.
Alguns vestiam camisetas com o nome e o rosto de Lula, enquanto outros usavam a camisa da seleção brasileira, que se tornou um símbolo dos apoiadores de Bolsonaro.
Antonio Coelho, de 80 anos, que usava uma camisa verde e colete amarelo, disse que embora acredite que o resultado será "muito apertado", Bolsonaro ainda tem chance de vitória.
"É importante para ele (Bolsonaro) ganhar porque não queremos como presidente uma pessoa que roubou o país inteiro, como Lula", afirmou Coelho.
Outro apoiador de Bolsonaro, o dentista Waldir Rodrigues, de 65 anos, disse que o atual presidente "representa o melhor do Brasil".
Segurando uma bandeira com as cores do arco-íris, Gabriel Freitas, de 38 anos, disse que “não quer viver em um país governado por Bolsonaro”.
"Sou gay. Era do Rio, estava perigoso e decidi que era melhor não ficar. Eu não quero voltar... mas meu pai ainda está lá e eu quero que as pessoas no Brasil vivam no amor, não no ódio."
(Por Catarina Demony, Miguel Pereira e Pedro Nunes)