Por Susan Heavey e Steve Gorman
WASHINGTON/LOS ANGELES (Reuters) - Os protestos nos EUA motivados pela morte de George Floyd mês passado pela polícia de Minneapolis cruzaram mais uma fronteira, neste fim de semana, com as manifestações pedindo justiça racial esticando-se da capital Washington para uma cidade no leste do Texas, que já foi um refúgio de membros da Ku Klux Klan.
Eles também inspiraram protestos anti-racismo ao redor do globo, com manifestantes de Brisbane e Sydney na Austrália a Londres, Paris e outras cidades europeias abraçando a mensagem do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
Em Washington, dezenas de milhares de pessoas gritando “Não consigo respirar” e “Mãos para cima, não atire” reuniram-se no Lincoln Memorial e marcharam rumo à Casa Branca no sábado, no maior protesto dos 12 dias de manifestações ao redor dos EUA desde a morte de Floyd.
A mensagem comum do dia foi a determinação de transformar a raiva gerada pela morte de Floyd em um movimento mais amplo que busca reformas no sistema judiciário criminal dos EUA e na maneira como ele trata minorias.
“Parece que eu faço parte da história e parte de pessoas que estão tentando mudar o mundo para todos”, disse Jamilah Muahyman, moradora de Washington que participou de protesto perto da Casa Branca.
As aglomerações em Washington e dúzias de outras cidades norte-americanas - urbanas e rurais - também foram notáveis pelo nível baixo, em geral, de tensão e divergência em relação ao que foi visto durante boa parte da semana anterior.
Houve momentos esporádicos de tensão em algumas cidades quando manifestantes que tentavam bloquear o tráfego foram atingidos por bombas de efeito moral disparadas pela polícia, como ocorrido em Seattle.
Mas, no geral, foi o dia mais pacífico dos protestos desde que as imagens do assassinato de Floyd vieram a público em 25 de maio. Floyd, um homem negro, foi assassinado por um policial branco. Ele estava desarmado e algemado, com o rosto para baixo em uma rua de Minneapolis enquanto o policial branco que o assassinou estava ajoelhado sobre seu pescoço com todo o peso do seu corpo.
O policial ficou ajoelhado sobre o pescoço de Floyd por 9 minutos, sem se importar com gritos de pessoas que alertavam que Floyd estava morrendo, enquanto colegas dele apenas assistiram à cena.
O vídeo do assassinato gerou ódio e os protestos de Minneapolis espalharam-se para outras cidades, pontuados por episódios de incêndios, saques e vandalismo, cuja culpa autoridades e ativistas colocaram em agitadores e criminosos alheios ao movimento contra o racismo e pela justiça social.
A intensidade dos protestos ao longo da última semana começou a diminuir na quarta-feira, depois que procuradores de Minneapolis prenderam os quatro policiais implicados no assassinato de Floyd. Derek Chauvin, o policial branco que o matou ao não se importar com as repetidas suplicas de Floyd pela vida, foi denunciado por assassinato em segundo grau. No vídeo, Floyd diz várias vezes que "não consigo respirar" mas o policial nada faz para ajudá-lo.
Em Nova York, uma grande massa de pessoas cruzou a ponte do Brooklyn em direção a Manhattan na tarde de sábado, em uma passeata ao longo de uma deserta avenida da Broadway. Milhares de outras pessoas reuniram-se no Harlem e rumaram em direção ao sul da cidade, por volta de 100 quarteirões, até o parque da Washington Square.
No sul do país, centenas de pessoas formaram fila para o velório de Floyd em uma igreja da cidade onde ele nasceu, Raeford, na Carolina do Norte. O funeral de Floyd está marcado para terça-feira, em Houston, onde ele viveu antes de se mudar para a região de Minneapolis.
(Por Nandita Bose e Makini Brice em Washington e Lucas Jackson em New York; Reportagem adicional de Linda So, Mike Stone, Suzanne Barlyn, Barbara Goldberg, Scott Malone, Raphael Satter e Andrew Hay)