Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) -A indústria de máquinas e equipamentos manteve tendência de queda em agosto, com recuo de 4,4% na receita líquida total ano sobre ano, para 28 bilhões de reais, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela associação do setor, Abimaq.
O desempenho negativo prevalece em razão da fraqueza nas atividades do mercado doméstico, com o encolhimento de setores-chave, disse a diretora-executiva de economia da Abimaq, Cristina Zanella, a jornalistas.
"Olhando para o setor agrícola... esse ano, mesmo tendo crescido a taxas bem elevadas por conta das safras de grãos logo no primeiro trimestre, (o setor) tem passado por algumas questões negativas", disse Zanella. Ela citou preços de commodities em baixa, um real "relativamente valorizado" e taxas de juros ainda elevadas, o que tende a inviabilizar investimentos.
Zanella também destacou recuos na indústria de transformação e no setor de construção civil.
"A gente deve até revisar nossos números. Quando divulgamos nossas previsões no início do ano, falávamos de queda de 3,4%, mas os números que estão acumulados até agora ... indicam que será uma queda acima dessa, mais provável em torno de 5%, 6% no final do ano."
Com os resultados de agosto, a queda acumulada da receita da indústria de máquinas e equipamentos soma 8,5%.
O consumo aparente de máquinas e equipamentos em agosto registrou declínio de 5,7% frente a um ano antes, enquanto o nível de ocupação da capacidade instalada da indústria ficou em 75,4%, 4,5 pontos abaixo do patamar de agosto de 2022.
As importações do setor, por outro lado, subiram 10,9% em agosto frente ao mesmo mês do ano anterior, a 2,6 bilhões de dólares, ao mesmo tempo que as exportações aumentaram 16,3%, para 1,5 bilhão de dólares.
A projeção da Abimaq para as exportações em 2023 deve, inclusive, ser revisada para cima, de alta de 8,6% para crescimento de cerca de 12%, acrescentou Zanella.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)