A recuperação externa amparar alta do Ibovespa nesta sexta-feira 13 que, a princípio, não sugere que será de azar. Além disso, alguns resultados corporativos agradam e reforçam a valorização do índice. Neste sentido, o indicador pode interromper uma série de cinco semanas de queda. Por ora, acumula elevação de 2,14% no período. Ontem, o indicador fechou em alta de 1,24%, aos 105.687,64 pontos. Às 11h12 subia 1,74%, aos 107.531,986 pontos, na máxima diária, após abrir aos 105.690,55 pontos (alta de 0,01%).
"Precisa passar a faixa dos 106.300 pontos fechamento para buscar níveis próximos em 108 mil e 110 mil pontos. Porém, o quadro é de tensão, de volatilidade, de rotação de ativos em um dia de agenda fraca", avalia o economista Álvaro Bandeira, também consultor de Finanças, em comentário matinal.
Além da buscas por oportunidades, sinalização de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode adotar uma postura menos dura como indicou ontem seu presidente, Jerome Powell, dá suporte à recuperação das bolsas internacionais, que renovam máximas. O Ibovespa pega carona. Há pouco nos EUA, saiu o índice de sentimento do consumidor, que caiu a 59,1 em maio (preliminar), ante previsão de 64,1.
"A fala do Powell descartando aumento do juro em 0,75 ponto porcentual e o PPI dentro do esperado aliviam, e já vemos reflexo na curva de juros no Brasil. Isso beneficia ações ligadas ao setor de tecnologia e ao varejo, consumo", avalia Wilson Sorio Netto, especialista em renda variável da Blue3. Além disso, indícios de melhora nas condições de covid-19 na China também justificam a alta do Ibovespa.
Porém, o mercados segue acompanhando o cenário com afinco, já que nada mudou. Seguem os temores inflacionários, com juros altos e com desaquecimento econômico global, à medida que os efeitos das restrições na China para conter a covid-19 têm gerado desaceleração no mundo todo. Ontem, Powell admitiu que não será fácil garantir um "pouso suave" da economia do país diante de pressões inflacionárias. Porém, afirmou que uma alta de 0,75 ponto porcentual pode estar fora de cogitação.
Por ora, fica em segundo plano ruídos internos, especialmente em relação à novela 'Bolsonaro/Petrobras', à política de preços. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que recorrerá à Justiça para tentar obrigar a estatal a reduzir o preço dos combustíveis. Para completar, o investidor deve monitorar a resposta de Bolsonaro ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, sobre uma possível interferência das Forças Armadas no processo de realização das eleições, e o novo capítulo relacionado a pedido de aumento de reajuste a servidores.
Apesar das novas críticas de Bolsonaro à Petrobras (SA:PETR4), Bandeira considera que a empresa segue "blindada" e que será difícil mudar a paridade de preços. Além disso, o petróleo sobe em torno de 3% no exterior, dando suporte de elevação aos papéis da companhia, bem como a alta do minério ampara os papéis ligados a materiais metálicos. Petrobras subia em torno de 1% e Vale (SA:VALE3), 1,69%, às 11h14.
As bolsas europeias sobem apesar de dados fracos da zona do euro e as americanas vão na mesma direção, a despeito da suspensão do acordo de Elon Musk pela compra do Twitter. A indicação é que investidores buscam pechinchas depois de uma semana de perdas e de muita volatilidade.
Apesar da alta do Ibovespa, é um pouco inferior ao visto lá fora. Isso reforça que o indicador tem ficado mais sujeito a questões relacionados à economia chinesa, onde o desaquecimento já tem efeitos sobre o mundo, avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Capital.
"O Brasil tem ficado mais colado à China, apesar da importância dos EUA, tanto que o PPI em linha divulgado ontem, mostrando algum arrefecimento, traz alívio. A inflação segue forte, mas pode ser que uma alta de 0,75 ponto porcentual no juro americano não seja necessária", diz Velloni.