Por Paul Sandle
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido pediu à Meta que não implementasse a criptografia de ponta a ponta no Instagram e no Messenger, do Facebook (NASDAQ:META), sem medidas de segurança para proteger crianças contra abuso sexual, após um projeto de lei de segurança online ser aprovado pelo Parlamento.
A Meta, que já criptografa mensagens no WhatsApp, planeja implementar a criptografia de ponta a ponta em todas as mensagens diretas do Messenger e Instagram, afirmando que a tecnologia reforça a segurança e proteção.
A ministra britânica do Interior, Suella Braverman, disse que apoia a criptografia forte para usuários online, mas que isso não pode acontecer às custas da segurança das crianças.
"A Meta não forneceu garantias de que manterá suas plataformas seguras contra abusadores doentios", disse ela. "Eles precisam desenvolver salvaguardas adequadas para acompanhar seus planos de criptografia de ponta a ponta."
Um porta-voz da Meta disse que "a grande maioria dos britânicos já se apoia em aplicativos que usam criptografia para mantê-los seguros contra hackers, fraudadores e criminosos".
"Não achamos que as pessoas queiram que leiamos suas mensagens privadas, então passamos os últimos cinco anos desenvolvendo medidas robustas de segurança para prevenir, detectar e combater abusos, mantendo a segurança online."
O porta-voz afirmou que a empresa daria atualizações na quarta-feira sobre as medidas que estavam sendo tomadas, como restringir pessoas com mais de 19 anos de enviar mensagens para adolescentes que não as seguem e usar tecnologia para identificar e tomar medidas contra comportamentos maliciosos.
"À medida que implementamos a criptografia de ponta a ponta, esperamos continuar fornecendo mais relatórios às autoridades policiais do que nossos pares devido ao nosso trabalho líder no setor para manter as pessoas seguras", acrescentou.
As plataformas de redes sociais enfrentarão requisitos mais rigorosos para proteção de crianças contra o acesso a conteúdo nocivo quando a Lei de Segurança Online aprovada pelo Parlamento nesta terça-feira entrar em vigor.
A criptografia de ponta a ponta é motivo de controvérsia entre empresas e o governo na nova lei.
As plataformas de mensagens lideradas pelo WhatsApp se opõem a uma disposição que, segundo elas, poderia obrigá-las a quebrar a criptografia de ponta a ponta.
O governo, no entanto, disse que o projeto de lei não proíbe a tecnologia, mas exige que as empresas tomem medidas para impedir o abuso infantil e, como último recurso, desenvolvam tecnologia para escanear mensagens criptografadas.
As empresas de tecnologia afirmam que escanear mensagens e criptografia de ponta a ponta são fundamentalmente incompatíveis.