Madri, 28 set (EFE).- Os bancos espanhóis precisam de cerca de 54 bilhões de euros para sanear-se, uma quantia que se eleva para 59,3 bilhões se não forem levados em conta os processos de fusão em andamento, segundo os resultados de uma auditoria revelados nesta sexta-feira.
O relatório, elaborado pela empresa de consultoria americana Oliver Wyman, determinou que, dessa quantia, mais de 46 bilhões de euros correspondem ao déficit de capital das entidades nacionalizadas, com o Bankia na frente, que necessita de 25 bilhões.
No entanto, o secretário de Estado de Economia, Fernando Jiménez Latorre, afirmou, ao apresentar em entrevista coletiva os resultados do estudo, que o governo poderia pedir aos sócios da eurozona cerca de 40 bilhões de euros, ou seja, um terço a menos das necessidades estimadas.
O representante do governo do Partido Popular de Mariano Rajoy explicou que isto aconteceria assim porque nos processos de reestruturação de algumas entidades pode haver uma "aceleração das necessidades de capital".
Alguns ativos de entidades, especialmente os relacionados com o setor de habitação e construção que ficaram nos bancos após a explosão da bolha imobiliária, serão transferidos ao chamando "banco podre" cuja criação foi aprovada pelo Executivo no início de setembro e que, se espera, esteja funcionando antes do final do ano.
O relatório da Oliver Wyman foi elaborado com a análise da bolsa creditícia dos 14 maiores grupos bancários espanhóis, que representam 90% do setor.
O memorando assinado pela Espanha com Bruxelas em julho para a entrega de uma ajuda de até 100 bilhões de euros aos bancos estabelecia que as necessidades de capital de 90% do sistema financeiro espanhol deviam ser conhecidas antes do final deste mês.
O relatório dividiu os bancos em quatro grupos, segundo a urgência da injeção de capital que requerem: os bancos nacionalizados, as entidades que receberão o capital que necessitam do Estado ou se fundirão com outras, as que podem captar no mercado, e o "grupo zero", que não precisa de dinheiro.
Dos bancos nacionalizados, após o Bankia, que requer 25 bilhões de euros, seguem o Catalunya Caixa (10,825 bilhões), Novagalicia (7,176 bilhões) e o Banco de Valencia (3,462 bilhões).
A auditoria revelou também que o Banco Popular, uma das grandes entidades espanholas, necessita 3,223 bilhões de euros, números que a entidade se comprometeu hoje a conseguir sem ajuda pública.
Sete grupos bancários espanhóis - Santander, BBVA, La Caixa, Sabadell, Kutxabank, Bankinter e Unicaja CEISS - foram aprovados no teste de estresse realizado pela Wyman.
Estas sete entidades representam 62% do setor do ponto de vista da bolsa creditícia e compõem o denominado "grupo zero" dos bancos espanhóis, cujos membros não só não necessitam capital adicional, mas contam com excedente, inclusive no pior dos contextos aos quais foram submetidos pela empresa de consultoria.
Concretamente, no cenário mais adverso dos possíveis contemplados pela Oliver Wyman, o Banco Santander dispõe de um "colchão de capital" de 25,297 bilhões de euros, o BBVA, de 11,183 bilhões, o Caixabank-Banca Cívica, de 5,720 bilhões, o Kutxabank, de 2,188 bilhões, o Sabadell-CAM, de 915 milhões, o Bankinter, de 399 milhões, e o Unicaja-CEISS, de 128 milhões.
O vice-governador do Banco Central da Espanha, Fernando Restoy, assegurou por sua parte que as entidades que estão atualmente em processos de fusões têm a intenção de seguir adiante.
E acrescentou que a intenção do organismo "continua sendo leiloar e vender quando for possível" as quatro entidades que foram nacionalizadas, BFA-Bankia, CatalunyaCaixa, NovaCaixagalicia e Banco de Valencia.
"Nossa intenção continua sendo a de vender e leiloar as entidades que estão sob o controle do Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB)", disse Restoy, antecipando que os processos de leilão tanto do CataluñaCaixa como do Banco de Valencia, que ficaram suspensos, "serão retomados nos próximos meses".
Após conhecer as necessidades individuais de capital dos bancos espanhóis, a Comissão Europeia declarou que é um "passo decisivo" para reforçar a confiança no setor financeiro espanhol, e anunciou que a recapitalização começará em novembro.
Por sua parte, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que a avaliação das necessidades de recapitalização facilitará um sistema "mais sólido" que "ajudará a reativar os fluxos de crédito e a promover o crescimento e o emprego". EFE
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