Atenas, 21 ago (EFE).- A renúncia do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, provocou certa preocupação na Bolsa de Atenas, já que a queda do governo pode representar um atraso na aplicação das medidas pactadas no terceiro resgate, embora não tenha suscitado pânico nos mercados.
A Bolsa de Atenas fechou com uma queda de 2,49% e seu índice geral ficou situado em 635,31 pontos, enquanto o volume de negócios foi de 29,37 milhões de euros.
A queda supera 2%, mas está longe dos índices registrados em sua reabertura após a imposição dos controles de capital, quando perdeu 22% e o índice geral se situou nos 627,04 pontos.
Quanto à evolução da dívida do país, o bônus de referência grego a longo prazo aumentava seu rendimento durante o dia de 9,56% a 9,98% pouco antes do fechamento do mercado de dívida.
Esta alta (de 4,5%) é a maior experimentada pela rentabilidade da dívida helena desde 14 de julho, um dia depois do acordo dos líderes da zona do euro, quando passou de 12% a 12,5%.
"Não acredito que a campanha eleitoral tenha consequências importantes para a economia grega", garantiu à Agência Efe o professor de Economia da Universidade de Atenas Panayotis Petrakis.
Segundo a estimativa de Petrakis, "é difícil que a economia vá pior do que agora, no meio de controles de capital".
"A única consequência é que demorará a chegar a estabilização da economia até a formação de um novo Executivo após as eleições", recalcou Petrakis.
O economista não exclui, no entanto, que a convocação de pleito adiantados "provoque alguns problemas no turismo, precisamente às pequenas empresas do setor".
A agência de qualificação de dívida Fitch destacou que a convocação de eleições antecipadas "atrasará o trabalho técnico e as decisões políticas necessárias para completar a avaliação (da aplicação do programa) prevista para o mês de outubro".
Em comunicado, Fitch recalcou que a interrupção do trabalho legislativo por causa da reunião eleitoral "pode fortalecer o medo de alguns credores sobre a capacidade da Grécia de aplicar os requisitos do programa", uma preocupação que compartilha a agência de qualificação Moody's.
A maioria dos partidos da oposição se pronunciou contra a realização de eleições antecipadas e acusou Tsipras de tê-las provocado porque não podia resolver o problema da dissidência interna em seu partido Syriza, após a aprovação do terceiro programa de resgate da Grécia.
O líder do principal partido da oposição, o conservador Nova Democracia, Vangelis Meimarakis, afirmou, após ter recebido o mandato de formar novo governo, que tentará constituir um Executivo que tenha um primeiro-ministro procedente do Syriza e conte com o apoio de outros partidos.
A nova reunião eleitoral, a segunda que será realizada pela Grécia em menos de um ano, contará com um novo ator político, o partido esquerdista Unidade Popular, criado hoje por 25 deputados dissidentes do Syriza.
A Unidade Popular se transformou na terceira força política do país e portanto obterá em terceiro lugar o mandato para formar governo.
Esta formação, liderada pelo ex-ministro de Energia Panayotis Lafazanis, aposta por não implementar as medidas de ajuste comprometidas no terceiro resgate e, se for necessário, advoga inclusive pela saída da zona do euro e a volta ao dracma como moeda nacional.
Espera-se que nem Meimarakis e nem Lafazanis consigam formar governo, com o que a data mais provável para as eleições seria o 20 de setembro, e se o processo se alargasse, se realizariam uma semana depois.
Tsipras anunciou nesta quinta-feira que deixava seu cargo após ter conseguido o terceiro resgate perante a necessidade que o povo grego decida nas urnas se legitima sua gestão ou quer um novo governo.