Por Marcela Ayres e Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - O risco de a Eletrobras (SA:ELET3) precisar de capitalização é baixo, disse nesta sexta-feira o ministro interino do Planejamento, Dyogo de Oliveira, em entrevista à Reuters.
A Eletrobras tem sofrido dificuldades financeiras após anos de prejuízos bilionários e recentemente suas ações deixaram de ser negociadas nos Estados Unidos, porque a estatal de energia não conseguiu entregar o seu balanço auditado de 2014 ao órgão regulador dos mercados de capitais norte-americano, a Securities and Exchange Comission (SEC).
Os investidores temem que a potencial deslistagem das ações da Eletrobras em Nova York possa levar a um pedido de pagamento antecipado de bilhões de dólares em dívida e forçar o governo a socorrer a estatal.
"Não havia nos contratos de dívida da Eletrobras nenhuma cláusula objetivamente ligando os bônus, os contratos de dívida com a listagem em Nova York. Então observada essa questão, nós então avaliamos que o risco disso (necessidade de capitalização) é baixo", afirmou.
A companhia apresentou na quinta-feira um pedido de revisão do processo sobre potencial deslistagem de papéis da empresa em Nova York
O governo do presidente interino Michel Temer, contudo, ainda avalia se irá de fato injetar 5 bilhões de reais previstos para a Eletrobras a partir de recursos levantados em leilão de hidrelétricas realizado no ano passado, disse Oliveira.
Após o leilão que levantou 17 bilhões de reais, os ministérios da Fazenda e de Minas e Energia acertaram que 6 bilhões de reais iriam para a companhia, dos quais 1 bilhão de reais foram direcionados no início do ano.
Caso a empresa não receba o restante, acrescentou o ministro, o resultado primário do governo poderá ser beneficiado.
As ações ordinárias da companhia fecharam em alta de 2,22 por cento, tendo acelerado um pouco os ganhos no ajuste de fechamento, após a publicação de trechos da entrevista pela Reuters.
Questionado sobre a perspectiva de reação da economia brasileira, Oliveira afirmou ser otimista quanto à capacidade de resposta da atividade, que deve ser rápida a partir da implementação de medidas que demonstrem a capacidade do Estado de reequilibrar as contas públicas e estabilizar a evolução do seu endividamento.
"Eu não ficaria surpreso se nós tivéssemos já um início de recuperação da economia brasileira no quarto trimestre", disse.
"Acho que vamos chegar em 2018 crescendo bem forte", acrescentou Oliveira. Quando perguntado se isso representaria um avanço perto de um crescimento potencial de 3 por cento, ele afirmou que sim.
Sobre as próximas medidas a serem anunciadas para reforçar o ajuste fiscal, o ministro disse que elas terão como base o corte de despesas, movimento que virá antes do governo se debruçar sobre novas formas de reforçar a arrecadação.
"Se for necessário, e assim tem sido dito, só num segundo momento é que seriam discutidas medidas de receita", disse.