Por Tom Balmforth e Gabrielle Tétrault-Farber
MOSCOU (Reuters) - A Rússia realizou uma operação especial contra o grupo criminoso especializado em ataques de ransomware REvil a pedido dos Estados Unidos, e prendeu e acusou formalmente os membros do grupo, disse o serviço de inteligência doméstica russo FSB nesta sexta-feira.
As prisões foram uma rara demonstração aparente de colaboração entre a Rússia e os Estados Unidos, em um momento de altas tensões entre os dois países sobre a Ucrânia. O anúncio veio justamente quando a Ucrânia estava respondendo a um grande ataque cibernético que desativou sites do governo, embora não haja indicação de que os incidentes estejam relacionados.
Uma operação conjunta da polícia e do FSB vasculhou 25 endereços, detendo 14 pessoas, disse o serviço de segurança, listando ativos que apreendeu, incluindo 426 milhões de rublos, 600 mil dólares, 500 mil euros, equipamentos de informática e 20 carros de luxo.
A Rússia informou diretamente os Estados Unidos sobre as medidas que tomou contra o grupo procurado pelos EUA, disse o FSB em seu site. A embaixada dos Estados Unidos em Moscou disse que não poderia comentar imediatamente.
"As medidas investigativas foram baseadas em um pedido dos... Estados Unidos", disse o FSB. "A associação criminosa organizada deixou de existir e a infraestrutura de informação utilizada para fins criminosos foi neutralizada."
O canal de televisão REN transmitiu imagens de agentes invadindo casas e prendendo pessoas, imobilizando-as no chão e apreendendo grandes pilhas de dólares e rublos. Os membros do grupo foram acusados formalmente e podem pegar até 7 anos de prisão.
Uma fonte familiarizada com o caso disse à Interfax que os membros do grupo com cidadania russa não seriam entregues aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos foram atingidos por uma série de ataques cibernéticos em busca de resgate. Uma fonte com conhecimento direto do assunto disse à Reuters em junho que o REvil era suspeito de ser o grupo por trás de um ataque de ransomware à maior empresa de carne do mundo, a JBS (SA:JBSS3).
Os EUA acusaram repetidamente o Estado russo no passado de atividade criminosa na internet, o que a Rússia nega.