Por Suleiman Al-Khalidi e Linda Sieg
AMÃ/TÓQUIO (Reuters) - A Jordânia declarou nesta quinta-feira que ainda detém uma iraquiana envolvida em um ataque a bomba, apesar do vencimento do prazo estabelecido para sua libertação por militantes do Estado Islâmico, que ameaçaram matar um piloto jordaniano a menos que ela fosse entregue até o pôr do sol.
Uma mensagem de áudio atribuída a um jornalista japonês também capturado pelos insurgentes diz que o piloto seria morto a menos que a Jordânia soltasse Sajida al-Rishawi, que está no corredor da morte por seu papel em um ataque a bomba em 2005 que matou 60 pessoas em Amã.
A mensagem ocorreu após um prazo anterior determinado na terça-feira, na qual o jornalista, Kenji Goto, disse que seria morto dentro de 24 horas se Rishawi não fosse libertada.
A crise de reféns surge no momento em que o Estado Islâmico, que já publicou vídeos mostrando as decapitações de cinco reféns ocidentais, sofre uma pressão militar crescente dos ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos e da ofensiva de soldados curdos e iraquianos, que tentam reverter os avanços territoriais do grupo islâmico no Iraque e na Síria.
Cerca de uma hora antes do vencimento do novo prazo, o porta-voz do governo, Mohammad al-Momani, declarou que a Jordânia ainda detinha Rishawi.
"Queremos prova... de que o piloto está vivo para que possamos levar adiante o que dissemos ontem – trocar a prisioneira por nosso piloto", disse Momani à Reuters.
O piloto, Muath al-Kasaesbeh, foi capturado depois que seu caça caiu no nordeste sírio em dezembro, durante uma missão de bombardeio contra o Estado Islâmico.
"Não recebemos nenhum indício de que Kasaesbeh está vivo. Foi isso que pedimos, e não recebemos nenhuma prova", afirmou Momani.
Ele acrescentou que a Jordânia está atuando juntamente com as autoridades japonesas no esforço de garantir a libertação de Goto, um repórter de guerra veterano.
A mulher de Goto fez um apelo aos dois governos a agirem pela soltura de seu marido, dizendo em um comunicado à Reuters e a outros veículos de mídia que teme se tratar de sua última chance.
Na mais recente gravação atribuída a Goto, ele disse que Kasaesbeh seria morto "imediatamente" se Al-Rishawi não estivesse na fronteira turca até o pôr-do-sol desta quinta-feira, pelo horário do Iraque (cerca de 12h30 em Brasília), pronta para ser trocada pelo refém japonês.
A implicação de que o piloto jordaniano não seria parte de um acordo de troca deixou a Jordânia em uma situação difícil. Uma troca que o excluísse causaria repúdio na população, já que as autoridades insistiram que ele é sua prioridade, mas rejeitar o ultimato dos insurgentes poderia acentuar a oposição doméstica ao impopular papel da Jordânia na campanha militar contra o Estado Islâmico.