Por Kate Kelland
LONDRES (Reuters) - A epidemia de Ebola no oeste da África pode piorar ainda mais antes de ser contida, mas novas infecções devem começar a declinar em todos os países afetados até o final deste ano, afirmou um especialista na doença nesta quarta-feira.
Peter Piot, um dos primeiros cientistas a identificar o vírus do Ebola quase 40 anos atrás, disse que o surto está longe de terminar, mas que "graças aos agora enormes esforços em todos os níveis" o que era um crescimento exponencial nos casos logo deve começar a diminuir.
O saldo de mortes da pior epidemia da doença já registrada aumentou para 5.459 entre os 15.351 casos identificados em oito países até o dia 18 de novembro, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase todos os casos ocorreram na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria.
"Até o final do ano devemos começar a ver um verdadeiro declínio em todos os lugares", declarou Piot, que hoje é diretor da London School of Hygiene and Tropical Medicine, em um encontro de especialistas em saúde pública, organizações não-governamentais e autoridades.
Mas há um caminho longo e "acidentado" até se poder dar o surto por encerrado, acrescentou.
"Ele será controlado em um país ou um distrito, e depois irá reaparecer em outro", disse Piot.
"Não vamos nos esquecer que toda esta epidemia começou com uma pessoa – em outras palavras, não irá terminar até que a última pessoa com Ebola esteja morta ou recuperada sem ter infectado outras pessoas. Essa é a tarefa intimidante que enfrentamos."
Piot enfatizou que a Nigéria e o Senegal, que tiveram casos de Ebola importados do surto do oeste africano, conseguiram conter a propagação dentro de suas fronteiras rapidamente.
Ele afirmou que estes exemplos mostraram que é possível derrotar a doença "se você agir logo e tiver vontade de fazê-lo".
A epidemia na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria, disse, saíram do controle devido a erros das autoridades de saúde locais e nacionais, mas também à incapacidade em escala global de organismos da Organização das Nações Unidas (ONU), como a OMS, de reconhecer a magnitude da ameaça e reagir de acordo.
"Devemos ter a certeza de que extraímos lições disto para o futuro", afirmou Piot.