SÃO PAULO (Reuters) - O juiz Sérgio Moro rebateu nesta segunda-feira que a operação Lava Jato --que investiga um amplo esquema de corrupção envolvendo estatais, órgãos públicos empreiteiras, partidos e políticos-- seja culpada, mesmo em parte, pelo grave quadro econômico do país hoje.
"O policial que descobre o cadáver não é culpado pelo homicídio", argumentou Moro a uma plateia de empresários, em evento em São Paulo.
Em sua palestra, que tratou de corrupção sistêmica, Moro descreveu alguns dos custos diretos e indiretos gerados pelo pagamento de propina.
Citando a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, como exemplo de custos diretos, Moro afirmou que técnicos da Petrobras (SA:PETR4) já disseram a ele que "mesmo que a refinaria opere em condições ótimas por toda sua vida útil, ela não se paga".
O juiz disse que os custos indiretos da propina são ainda mais sérios, com a deterioração da confiança entre pessoas e também entre empresários, que se sentem prejudicados quando aqueles que participam de esquemas de corrupção levam vantagens no mercado.
Para Moro, encarregado dos processos decorrentes das investigações da Lava Jato, ainda há muito trabalho no país a ser feito contra a corrupção, além dessa operação.
"Não podemos confiar que o caso que está nas minhas mãos vai ser capaz de mudar isso", referindo-se ao que classificou como quadro de corrupção sistêmica no Brasil. "Como país, não vamos conseguir ir muito longe com os custos da corrupção sistêmica."
(Reportagem de Renan Fagalde)