SÃO PAULO (Reuters) - A Sabesp (BVMF:SBSP3) poderá elevar sua estimativa de adesões ao programa de demissão voluntária anunciado na véspera para além de 2 mil posições e já iniciou discussões com o IFC e o governo do Estado de São Paulo, seu controlador, sobre possível modelagem para uma eventual privatização da companhia, afirmou o presidente da empresa, André Salcedo, nesta sexta-feira.
"Dois mil funcionários é a primeira onda da revisão...não é o número final", disse o executivo durante teleconferência com analistas e jornalistas, após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre na noite da véspera.
"Vamos buscar outras alavancas de valor e eficiência que podem revisar esse número para cima", acrescentou o executivo, que ingressou no comando da Sabesp no início do ano após a eleição de Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo.
Segundo Salcedo, a companhia vai primeiro informar os funcionários da Sabesp sobre os detalhes do PDV, incluindo pacote de incentivos, para depois divulgar os termos ao mercado nos próximos dias.
Questionado sobre o andamento do processo de estudos para uma modelagem de privatização da maior companhia de água e saneamento do Brasil, Salcedo afirmou que as conversas já foram iniciadas, mas não deu detalhes sobre um eventual modelo que poderá resultar dos estudos.
O executivo, porém, mencionou que o governo do Estado está discutindo contratos com prefeituras clientes da empresa. "No contexto da privatização, é possível gerar valor com extensão de contratos", disse o executivo, citando como eventuais contrapartidas soluções como redução de tarifas e antecipação ou ampliação de investimentos.
Na frente de redução de custos, Salcedo disse que a Sabesp vai "testar até que ponto poderemos chegar".
Por ora, a companhia mantém o valor do plano de investimento de 26,2 bilhões de reais entre 2023 e 2027, disse Salcedo. Para 2023, 5 bilhões estão previstos.
O executivo comentou que a empresa está avaliando mudanças nas prioridades dos investimentos, focando em projetos que "geram valor para companhia e que tenham impacto em redução de custos ou aumento de receita, redução de perdas (de água), e demais investimentos que são desejáveis, mas podem aguardar, estão sendo replanejados".
Paralelamente, a Sabesp começou um esforço mais intenso de cobrança de inadimplentes, com a diretora financeira, Catia Pereira, afirmando que a companhia está trabalhando em supressões e cortes no financiamento e também em negativações de clientes.
"Estamos buscando reduzir trimestre a trimestre (a inadimplência), para buscar patamar de antes da pandemia", disse a executiva.
(Por Alberto Alerigi Jr.)