SÃO PAULO (Reuters) - A unidade Seara da JBS (SA:JBSS3) tem como foco repassar no terceiro trimestre aumentos de custos de grãos que impactaram suas operações no Brasil no segundo trimestre e que devem continuar pesando sobre os números da empresa nos próximos meses, afirmaram executivos do grupo de alimentos nesta quarta-feira.
No segundo trimestre, a Seara elevou preços em 3 por cento em média e o presidente da JBS na América do Sul, Wesley Batista Filho, afirmou durante teleconferência com analistas que vê necessidade de aumento de 7 por cento no terceiro trimestre.
"Sobre grãos, vemos que vai continuar sendo um desafio grande em competitividade e o foco é repasse de preços", disse o executivo. O comentário é semelhante ao divulgado pela rival BRF (SA:BRFS3), que na semana passada afirmou que manterá política de "adequação de preços" de produtos processados no terceiro trimestre por conta dos custos elevados de grãos.
As ações subiam cerca de 3 por cento por volta das 11h, enquanto o Ibovespa caía mais de 1 por cento. A empresa divulgou na noite da véspera que encerrou o segundo trimestre com prejuízo líquido de 827 milhões de reais, mas o resultado operacional (Ebitda) subiu 12,8 por cento, para 4,24 bilhões de reais.
Apesar de ambiente de preços mais competitivo no Brasil, a companhia segue mantendo prioridade sobre rentabilização de seus negócios, optando por "ganhar participação de mercado por meio da preferência do consumidor", disse o vice-presidente de operações da JBS, Gilberto Tomazoni.
Ele acrescentou que, por ora, não é possível afirmar com certeza se o aumento de volumes de venda do grupo no Brasil no segundo trimestre ocorreu em função de reposição de estoques perdidos após greve dos caminhoneiros ou se está havendo de fato uma retomada de consumo.
Mais cedo, o Banco Central divulgou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 3,29 por cento em junho, fechando o segundo trimestre com queda de 0,99 por cento em relação aos três meses anteriores. Foi a primeira retração depois de cinco períodos seguidos no azul.
Apesar disso, a expectativa da companhia é otimista sobre margens da operação de carne bovina no Brasil, apoiada em parte por crescimento de exportações, "em especial para mercados asiáticos", disse Batista Filho.
Na operação do grupo na América do Norte, o presidente da JBS USA, André Nogueira, afirmou que a companhia vê a disponibilidade de bois para abate continuando a crescer entre o próximo ano e 2021, com demanda forte nos mercados interno e externo dos Estados Unidos e Canadá.
O grupo de 230 mil funcionários não tem planos para aquisições "no curto prazo" na Europa, disse Tomazoni, preferindo crescer organicamente, enquanto a União Europeia mantém proibição de exportações da BRF. O objetivo da empresa é atingir uma relação de dívida líquida sobre Ebitda abaixo de três vezes até o final deste ano e de cerca de duas vezes no fim de 2019.
No segundo trimestre, a alavancagem da JBS foi de 3,47 vezes em reais ante 4,16 vezes no fim de junho do ano passado.
(Por Alberto Alerigi Jr.)