Andrés Mourenza.
Nicósia, 26 mar (EFE).- Após o anúncio de que os bancos só abrirão na quinta-feira, a capital do Chipre, Nicósia, está com o mesmo ambiente dos dias anteriores: agências fechadas, caixas eletrônicos com poucas filas (em função das restrições aos saques) e cidadãos divididos entre a paciência e a raiva.
"Paciencia, paciência. É normal que tenham adiado se não estavam preparados ainda para abrir", disse à Agência Efe um funcionário de uma loja de telefonia, que assim como muitos cipriotas, rendeu-se diante do inevitável.
A princípio estava previsto que todos os bancos, com exceção de dois em processo de reestruturação, abrissem hoje mesmo suas portas ao público após permanecerem fechados desde 16 de março.
No entanto, na madrugada de hoje, o Ministério das Finanças publicou um comunicado no qual avisava que todos os bancos permanecerão fechados até quinta-feira.
O ministro das Finanças, Michalis Sarris, justificou a necessidade de dois dias a mais para garantir "o correto funcionamento do sistema bancário em sua totalidade". O dirigente afirmou também que a nova decisão foi tomada "por recomendação do presidente do Banco do Chipre".
Nas entradas de todos os bancos foram colados cartazes avisando que as agências permaneceriam fechadas até quinta-feira.
Embora o anúncio de que a reabertura dos bancos seria atrasada ter sido feito bem tarde, a informação se propagou com rapidez e poucos cidadãos procuraram uma agência que funcionasse hoje.
"É normal que não abram, porque não estão preparados ainda. Não era lógico que abrissem alguns bancos e outros não", disse um garçom que trabalha justamente em uma agência bancária.
Por enquanto ainda não se sabe quais serão as restrições impostas às movimentações financeiras. A única certeza é de que elas existirão.
Em discurso transmitido pela televisão após sua chegada de Bruxelas, o presidente do Chipre, Nikos Anastasiadis, anunciou que "o Banco Central imporá algumas restrições às transações. É uma medida provisória, que progressivamente será retirada".
Mas o novo atraso também serviu para alimentar ainda mais a incerteza que se apoderou dos cidadãos. Para muitas pessoas o novo atrasou causou indignação.
"Os políticos gastaram todo o dinheiro. E agora vão torrar o que restou para os pobres cidadãos até nos deixaram sem nada para comprar o leite de nossos filhos", reclamou uma desempregada mãe de dois filhos.
"Não sabemos o que nos espera amanhã, não sabemos qual vai ser nosso futuro", acrescentou em uma mistura de frustração e ira.
Mas nem tudo são imagens de cidadãos intimidados ou fatalistas. No centro de Nicósia, milhares de estudantes do ensino médio se reuniram para marchar em direção ao Parlamento.
Aos gritos de "fora a troika", "não permitiremos que a troika hipoteque nosso futuro" e "o povo lutará contra a troika", o inimigo declarado é evidente: o grupo formado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. EFE