Os acionistas do BV, antigo banco Votorantim, seguem com a intenção de levá-lo à Bolsa, mas vão esperar o mercado melhorar, para retomar a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Não há um prazo estabelecido. Na terça-feira, a operação foi cancelada, conforme fato relevante do Banco do Brasil (SA:BBAS3), que é sócio no negócio ao lado da família Ermírio de Moraes, após as condições se deteriorarem, o que já pesa no preço das ações, em meio ao pior momento da pandemia no País, segundo fontes.
O entendimento entre os acionistas do BV, afirma uma delas, que pede o anonimato, é de que não há "desespero" para fazer o IPO a qualquer valor uma vez que o banco é gerador de caixa e não precisa de capital neste momento. O que deve ditar a volta do IPO são as questões políticas e ainda a vacina, que vem sendo aplicada em ritmo aquém do desejável no Brasil. "O mercado só volta depois que isso estiver encaminhado", diz. "Pesou a condição de mercado. O valuation não faz sentido", afirma outra fonte.
Nas duas últimas semanas, a alta cúpula do BV, amparada pelos sócios, se reuniu diariamente para avaliar se seguia ou não com o IPO. Com os feriados antecipados em meio à piora da pandemia, os acionistas ganharam uns dias a mais para decidirem sobre a oferta. No fim das contas, a deterioração do cenário pesou.
Cenário macro e instabilidade no BB
Além da situação da pandemia, com 358 mil mortes e somente 11,54% da população vacinada no Brasil, o ambiente político e a ingerência do governo Bolsonaro nas estatais jogaram contra.
Em especial, no caso do BV, o BB, que é um dos sócios, teve recentemente a troca de presidência. Saiu André Brandão, ex-HSBC, e, para seu lugar, foi indicado Fausto Ribeiro, antes responsável pela área de consórcios do banco. A escolha foi polêmica e levou a renúncias na cúpula do BB.
O IPO do BV era estimado entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3,5 bilhões. No passado, falava-se em R$ 5 bilhões, mas a cifra foi revista em meio à estratégia dos sócios de fazer uma oferta menor e, mais para frente, ofertar um pedaço adicional no futuro, depois que o banco já estiver listado, em busca de uma melhor precificação para o ativo.
Procurado, o BB não comentou. O BV também preferiu não se manifestar.