Por Juliana Schincariol
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Ser Educacional (SA:SEER3) vê uma captação de alunos estável ou com leve crescimento no primeiro semestre, além de retomada das margens operacionais, com regularização dos créditos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Até 16 de março, a companhia captou 34,7 mil novos alunos de graduação de ensino presencial, um aumento de 4,1 por centro comparado aos 33,4 mil alunos no mesmo período de 2015 - excluindo evasão de 8,3 mil alunos que não tiveram acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) naquele período do ano passado.
"Apesar das incertezas políticas e econômicas, a gente acredita que está tendo uma captação razoável... Tivemos uma série de mudanças em termos de operação, em termos de controle de custos que deve permitir retomar crescimento das margens operacionais como a gente sempre teve no passado", disse à Reuters o presidente do grupo, Jânyo Diniz.
O processo de captação ainda deve se estender por algumas semanas acrescentou.
Entre as vagas ofertadas para o Fundo de Financiamento Educacional (Fies) para o primeiro semestre, a Ser Educacional poderá oferecer 19.113 novas vagas, 7,64 por cento do total.
O diretor de relações com investidores da empresa, Rodrigo Alves disse que o preenchimento da vagas está dentro do esperado.
"No segundo semestre, quando as regras eram bem parecidas, a gente fez 62 por cento das vagas que tinham nos alocado (no Fies). Este ano a gente está em 46 por cento, já fizemos 8.700 vagas", disse. Deste total, 7.200 são calouros e o restante, veteranos.
Diniz afirmou que o processo de inscrição no Fies é demorado e ainda não foi encerrado, e que ainda não tem previsão sobre quantas vagas serão preenchidas.
"A educação superior Brasil, no que diz respeito a financiamento... Acredito que não vai ficar pior do que está. As vagas do Fies já foram adaptadas, acho que as coisas devem ficar muito parecidas como estão sobre Fies e a forma de pagamento, independente do que acontecer no cenário econômico e político", disse Diniz.
Para o primeiro semestre, Diniz afirmou que a empresa mudou os processos para uma captação de alunos mais eficiente, e melhor retenção de alunos.
Segundo a Ser, o indicador de contas a receber das mensalidades de alunos foi de 70,0 milhões de reais no quarto trimestre, e atingiu seu nível mais baixo desde o quarto trimestre de 2014, demonstrando a melhoria na qualidade de crédito de sua carteira de alunos.
CAIXA MAIS FORTE
No início de fevereiro, as instituições de ensino superior concordaram em receber em parcelas até 2018 os créditos em atraso do Fies referentes a 2015, com o pagamento de 25 por cento em 2016 e 2017 e a metade restante em 2018.
O valor a ser recebido pela Ser este ano é de 290 milhões de reais.
Com o caixa mais robusto em 2016, a pretensão do grupo é tocar seu plano de expansão, disse Diniz, acrescentando que a empresa está seletiva no processo de aquisição, já que os preços não "chegaram na realidade do mercado atual".
A companhia possui pedido para 400 novos polos de ensino a distância (EAD) no Ministério da Educação, sendo a maioria nas regiões Norte e Nordeste.
O grupo encerrou o ano passado com 15 polos e cerca de 3 mil alunos de EAD, após o credenciamento do ministério de 6 polos em Guarulhos, Atibaia, Bragança Paulista e Itaquaquecetuba no ano passado.
No quarto trimestre, a Ser teve lucro líquido de 16 milhões de reais, ante 44 milhões de reais um ano antes. O resultado foi pressionado pelo aumento das despesas financeiras, com maior alavancagem para recompor o caixa defasado pelo atraso dos pagamentos do Fies, além de reformas em unidades em Aracaju e Salvador.
A dívida líquida da Ser era de 280 milhões de reais ao final de dezembro, ante 37 milhões um ano antes.
A receita líquida da empresa foi de 248,5 milhões de reais, aumento de 21,9 por cento em bases anuais.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de 53,4 milhões, recuo de 2,5 por cento na mesma base de comparação.
A companhia encerrou o quatro trimestre com 124 mil alunos inscritos em cursos presenciais de graduação, um aumento de 22,5 por cento ao mesmo período de 2014. No ensino a distância a base subiu 50,8 por cento, a 3.089 estudantes.