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Setor de joias aposta em inovação e sustentabilidade para alavancar negócios

Publicado 07.05.2017, 20:22
Atualizado 07.05.2017, 20:40
Peças da designer Sílvia Blumberg que cria jóias com lixo, papel, resíduos de tijolo e de cimento, pó de madeira e outros materiais Massuca/Imagem de divulgação/Ajorio/direitos reservados

Aline Massuca/Imagem de divulgação/Ajorio/direitos reservados

Peças da designer Sílvia Blumberg que cria jóias com lixo, papel, resíduos de tijolo e de cimento, pó de madeira e outros materiais Massuca/Imagem de divulgação/Ajorio/direitos reservados

Depois de experimentar queda de receita de 5% no ano passado, a primeira vez em oito anos, o setor de joias e bijuterias do estado do Rio de Janeiro têm investido na mistura de pedras preciosas e com material sustentável para recuperar os negócios perdidos com a crise econômica enfrentada pelo país.

É o caso da designer Sílvia Blumberg, que cria suas peças transformando, o que muitos consideram lixo, em luxo. Papel, resíduos de tijolo e de cimento, pó de madeira, bagaço de cana, areia da praia são alguns dos materiais usados. Em entrevista à Agência Brasil, a designer contou que começou a produzir esse tipo de joia em 2009. As peças despertaram o interesse de produtores de moda e de novelas, e no ano passado ganhou impulso com vendas para turistas estrangeiros. A designer também abriu seu atêlie para o trabalho de outros profissionais, inclusive da América Latina, que fazem joias com tecidos reciclados e restos de linha, entre outras matérias-primas.

“Quando você fala em sustentabilidade está falando de consumo consciente, durabilidade, conforto, empregabilidade, empreendedorismo”, disse.

Preço

Apesar de usar materiais sustentáveis, as peças não se tornam mais baratas em comparação à produção de uma joia tradicional. Sílvia Blumberg explicou que o uso de alguns produtos pode impactar no preço, reduzindo-o, mas nem sempre isso é possível porque, muitas vezes, a aplicação de materiais, como resíduo de cimento, é muito trabalhosa. “Encarece. Achar que é mais barato é um equívoco”, disse.

A coordenadora de moda do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ), Fabiana Melo, destacou que o preço de uma peça está diretamente ligado ao posicionamento da marca no mercado, ao valor agregado. “Vai depender de uma série de questões, da qualidade do produto, do acabamento e de quanto o cliente está disposto a pagar por aquele produto”.

Fabiana Melo aponta o investimento em joias autorais como caminho para conquistar clientes “Buscar diferenciais de atendimento, no produto, no design, novas formas para fazer contato com o cliente e canais de venda como e-commerce [comércio eletrônico], até viabilizar o negócio reduzindo custos operacionais, inclusive mudando seu ponto de venda”, sugeriu.

Ela cita, como exemplo, as biojoias, que têm algum componente reciclável, como sementes.

Sustentabilidade

Sobre a sustentabilidade, a presidente da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro (Ajorio), Carla Pinheiro, ressaltou que a joia é um produto 100% sustentável, diferentemente do que muitos consumidores imaginam. “Eu costumo dizer que joia não vira lixo. No máximo, você vai reciclar”.

Com intuito de mostrar o trabalho de profissionais que apostam nesse nicho e no uso criativo de novos materiais, a associação lançou o Guia É do Rio!, no final de abril, que apresenta joias e bijuterias feitas a partir de pedras preciosas em estado bruto ou lapidado e com materiais sustentáveis, como prata e titânio, misturados a tecido e borracha, por exemplo.

Números do setor

Em 2015, a arrecadação da cadeia produtiva do setor de joias fluminense foi de R$ 82,8 milhões. A presidente da Ajorio, Carla Pinheiro, estima que o setor só terá crescimento a partir de 2018. Em 2017, “se zerar (a perda do ano passado) já está bom”, afirmou. Para alcançar, entretanto, o pico do crescimento registrado em 2011/2012, quando o aumento real do faturamento (isto é, descontada a inflação) foi de 10%, Carla Pinheiro avaliou que vai demorar ainda “uns dois ou três anos”.

A crise freou ainda o aumento do consumo da classe C. “Teve uma camada da população que não consumia esse produto que entrou aos poucos, ao longo dos oito anos, e saiu abruptamente de 2015 para cá”, disse, acrescentando que o mercado de luxo sofreu ainda em função do deslocamento de consumidores para fora do Brasil.

Perspectiva

O diretor do Instituto Brasileiro de Gemais e Metais Preciosos (IBGM), Écio Moraes, diz que as expectativas são mais favoráveis para este ano. “Com a queda da inflação, se recupera o poder de compra da população e isso acaba impactando o segmento, como todos os outros”. O instituto estima crescimento do setor no patamar de 6% até o final do ano.

Écio Moraes explicou que uma das vantagens do setor é o dinamismo, podendo ajustar design, incorporar novos componentes, mobilizar a estrutura de produção em curto período de tempo.

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