SÃO PAULO (Reuters) -O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos deve apresentar uma leve recuperação de 3,5% em 2025, após três anos consecutivos de queda, disseram executivos da associação representativa do setor, Abimaq, nesta quarta-feira.
A previsão, que ainda pode ser revista, considera a base baixa de comparação devido às quedas em 2022, 2023 e 2024 e o suporte de setores não tão sensíveis à taxa de juros doméstica, que deve continuar elevada, afirmou a diretora-executiva de Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.
"É uma pequena recuperação dessa queda que a gente tem acumulada", afirmou Zanella a jornalistas. "Alguns setores dependem menos de taxa de juros para investir, setores que têm subsídios... então a gente espera que esses segmentos garantam essa taxa que a gente está prevendo de crescimento."
No início deste ano, a associação estimava crescimento de 3,5% para 2024, mas o número foi posteriormente revisto para recuo de 7% após números abaixo do esperado e impactos de chuvas no Rio Grande do Sul. Com isso, a previsão de alta ficou para o ano que vem.
Considerando apenas vendas no mercado doméstico, a receita da indústria neste ano deve recuar 8,8%, segundo a Abimaq.
Já o faturamento do setor de máquinas e equipamentos agrícolas no próximo ano deve subir 8%, após declínio de 20% a 25% previsto para este ano, disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.
"A gente só vai ter uma mudança de cenário lá em fevereiro, quando o pessoal começar a colher a safra de verão. Se tiver um clima bom, se tiver uma boa colheita", disse Estevão.
Ele destacou que 2025 ainda será um ano "bastante restritivo", em função do declínio nos preços das commodities. "Não tem perspectiva nenhuma desse excesso de oferta mundial acabar no ano que vem", afirmou.
DADOS DE SETEMBRO
O faturamento da indústria diminuiu 8,8% em setembro na comparação com a mesma etapa do ano anterior, para 23,6 bilhões de reais, e caiu 12,7% em relação a agosto, mostraram dados da associação divulgados nesta quarta-feira.
Considerando apenas vendas internas, a receita líquida da indústria apresentou queda de 17,7% em setembro em uma base anual, para 16,4 bilhões de reais, e recuo de 24,7% contra o mês imediatamente anterior.
Já as exportações do setor subiram 12,3% em setembro no comparativo anual, para 1,3 bilhão de dólares, enquanto as importações subiram 20,4%, informou a entidade em apresentação.
Nesse período, o consumo aparente de máquinas, que leva em conta equipamentos produzidos no país e importados, ficou praticamente estável ano a ano, com variação positiva de 0,5%.
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou setembro utilizando 76,2% da sua capacidade instalada, mesmo nível observado nos últimos três meses, disse a Abimaq.
Na carteira de pedidos, medida em semanas para o seu atendimento, houve queda de 5,9% sobre setembro do ano passado, atingindo 9,3 semanas em 2024. A entidade disse que a carteira vem oscilando em patamar reduzido desde o último trimestre de 2023, impactada pela piora das encomendas do setor agrícola e de setores da indústria de transformação.
A Abimaq espera um quarto trimestre fraco em relação aos três meses imediatamente anteriores, dada a sazonalidade do período, mas superior ao último trimestre de 2023, quando o faturamento foi ainda mais enfraquecido, disse Zanella.
A receita líquida do setor de máquinas e equipamentos acumulou declínio de 12% nos primeiros nove meses do ano e essa "melhora" no último trimestre deve reduzir a queda anual para cerca de 7%, conforme estimado pela entidade.
(Reportagem de Patricia Vilas BoasEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)