Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Shell tem a expectativa de que o órgão regulador do setor de petróleo no Brasil (ANP) aprove um Acordo de Individualização da Produção (AIP) de área no Parque das Conchas com área do pré-sal até o início de 2016, afirmou nesta quarta-feira o presidente da anglo-holandesa no Brasil, André Araújo.
A proposta de unitização apresentada à ANP em novembro diz respeito ao campo de Massa, que fica no bloco BC-10, chamado Parque das Conchas, na parcela capixaba da Bacia de Campos.
A petroleira planeja iniciar a produção de Massa, que integra a terceira fase de desenvolvimento do Parque das Conchas, no primeiro trimestre de 2016.
O AIP é necessário já que o reservatório de Massa extrapola os limites do contrato operado pela Shell e avança sobre uma área do polígono do pré-sal, ainda não licitada pela União.
No acordo --elaborado pela Shell e suas sócias na área com a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), responsável por representar o governo nas áreas do polígono do pré-sal-- estará definido como a área será administrada daqui em diante e quais os recursos que pertencerão ao governo brasileiro.
Segundo Araújo, a maior parte do reservatório de Massa está dentro dos limites do contrato de concessão.
"A gente não tem nenhuma expectativa que isso cause impacto para o início da produção no ano que vem", afirmou Araújo a jornalistas, durante evento no Rio de Janeiro, mantendo o cronograma.
A terceira fase do Parque das Conchas conta também com o início da produção do campo de Argonauta O-Sul.
Juntos, Massa e Argonauta O-Sul irão produzir 30 mil barris de óleo equivalente por dia quando atingirem o seu pico.
O programa de desenvolvimento, segundo a Shell, contou com sete novos poços, sendo cinco produtores e dois injetores, que foram perfurados e completados, quando são instalados os equipamentos necessários para a operação, em 2014.
Para a produção, os campos estarão ligados à plataforma flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo (FPSO, na sigla em inglês) Espírito Santo, única unidade em operação no Parque das Conchas.
A Shell é operadora do bloco BC-10, onde está o Parque das Conchas, com 50 por cento de participação, e tem como parceiras as empresas ONGC, com 27 por cento, e Qatar Petroleum, com 23 por cento.
Atualmente, o Parque das Conchas tem quatro campos em operação --Abalone, Ostra, Argonauta e Nautilus-- e é o principal ativo produtor da Shell no Brasil.
Além dele, a Shell produz nos campos de Bijupirá e Salema, também em Campos, onde tem uma participação que foi vendida para a brasileira PetroRio, dependendo apenas de aprovações regulatórias para a conclusão.
Como concessionária, a Shell produziu média de 42,152 mil barris de óleo equivalente no Brasil em setembro deste ano.
PARCERIAS COM A PETROBRAS
Araújo também afirmou que a empresa está sempre atenta a possibilidades de negócios com a Petrobras (SA:PETR4) e deverá estudar oportunidades de investimentos que eventualmente venham a surgir a partir do plano de desinvestimentos da estatal.
"A gente tem conversado regularmente com a Petrobras sobre possibilidades de negócios em todas as áreas, acho que a Shell e a Petrobras tem possibilidades de integração nas principais atividades, são duas grandes empresas na área de energia", afirmou o executivo, evitando entrar em detalhes.
"O Brasil, como a gente vem falando, é um país estratégico para a companhia."
Araújo destacou investimentos da empresa no Brasil por meio da joint venture que tem com a Cosan , a Raízen, além da participação no contrato de exploração da área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, e da compra pela Shell da britânica BG , principal parceira da Petrobras no pré-sal brasileiro.
O executivo ressaltou que "trabalhar no setor de óleo e gás no Brasil e não ter relacionamento com a Petrobras não é o caminho certo".
Araújo ponderou que, assim como a Petrobras, petroleiras no mundo inteiro colocaram em curso planos bilionários de desinvestimentos, incluindo a Shell, devido aos baixos preços do barril de petróleo no cenário global.
Entretanto, o executivo destacou que a Shell acredita em uma recuperação dos preços, devido a uma expectativa por um aumento da demanda por energia no mundo.
"A gente consegue enxergar que o preço de óleo deve ter uma tendência a estar em um patamar mais baixo (do que os preços de 90 a 100 dólares de meados de 2014) por algum tempo, mas nosso cenário é de recuperação de preços", afirmou Araújo, evitando dar números e detalhes sobre as previsões.