Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira uma flexibilização das restrições para conter a disseminação da Covid-19 no Estado e permitirá, a partir de segunda-feira a reabertura de lojas de material de construção e a possibilidade de clientes retirarem produtos de bares e restaurantes, disse o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM).
Também foi retirada a restrição à realização de atividades esportivas profissionais, o que permitirá a volta das partidas do Campeonato Paulista, que serão feitas ainda sem público.
Os jogos podem ser retomados já neste fim de semana e terão de ser realizados a partir das 20h. De acordo com a secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, Patricia Ellen, a ideia é que o horário das partidas coincida com a restrição à movimentação entre 20h e 5h, que será mantida na nova fase, e assim evitar aglomerações.
A mudança da Fase Emergencial do plano de quarentena para a Fase Vermelha também não alterará a proibição de realização de cultos, disse o vice-governador do Estado em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
Garcia disse que o aumento no número de leitos no Estado, que cresceu 82% desde o fim do ano passado nas redes pública e privada, segundo dados do governo, e a redução nas últimas semanas no número de novas internações permitiu que o Estado diminuísse as restrições.
"Se nós compararmos as semanas epidemiológicas, os cinco dias desta semana em relação à semana anterior, nós já tivemos uma queda de internação importante nessa rede hospitalar de São Paulo", disse ele. De acordo com o governo estadual a redução nas novas internações no período citado por Garcia foi de 17,7%.
"É a queda nas internações que nos afirma no dia de hoje a possibilidade de nós darmos passos adiantes em relação ao controle da epidemia aqui no Estado de São Paulo."
A flexibilização da quarentena paulista, no entanto, acontece no dia seguinte ao Brasil ter registrado o recorde de mortes diárias por Covid-19, 4.249, e no dia em que o Estado de São Paulo registra, pelo segundo dia seguido, mais de mil mortes diárias causadas pela Covid-19.
Na terça-feira desta semana, o Estado registrou 1.389 mortes em 24 horas, o recorde da pandemia, e na quinta marcou o segundo maior número de mortes diárias, 1.289. Nesta sexta foram registrados 1.008 novos óbitos pelo coronavírus no Estado.
Entretanto, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que o número de mortos não reflete o momento atual da pandemia, ao contrário do indicador de novas internações. Ele também disse que a ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs), atualmente em 88,3%, reduziu na comparação com a quinta-feira da semana passada, quando o indicador se aproximava de 93%.
"É uma Fase Vermelha mais rígida do que nós estávamos habituados. Isso mostra a segurança do governo do Estado de São Paulo de atender todos os modelos e regras sanitárias, além de todas as fiscalizações que vêm acontecendo de forma bastante austera para garantir que nós possamos manter o nosso sistema de saúde protegido e dessa forma proteger a saúde da nossa população", disse.
"O nosso índice maior é a internação. Ele mostra a dinâmica da pandemia naquele momento... Quando nós olhamos o número de óbitos que saltam aos olhos, esse número de óbitos infelizmente são absolutamente verdadeiros, mas o numerário não reflete a data daquele momento", acrescentou o secretário.
FUTURAS FLEXIBILIZAÇÕES.
Também presente na coletiva, o coordenador do Centro de Contingência que assessora o governo do Estado, o médico Paulo Menezes, disse que a expectativa é de que a redução nas internações resulte em queda no número de mortos a partir das próximas duas semanas.
"Nós estamos vendo ainda, sim, um aumento progressivo de óbitos, infelizmente, porque o óbito é o desfecho mais trágico e mais tardio de alguém que foi infectado pelo vírus. Nós ainda esperamos continuar com um número alto de óbitos", afirmou.
Menezes também disse que o Estado pode ter uma nova flexibilização da quarentena contra a Covid-19 entre o final de abril e o início de maio, caminhando para a Fase Laranja da quarentena paulista.
A Fase Laranja do plano de quarentena permite, por exemplo, o funcionamento de shopping centers, comércio não essencial e restaurantes com algumas restrições, como limites de ocupação.