Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Squadra Investimentos reiterou em carta a clientes enviada no domingo entendimento de que há uma grande disparidade entre preço e valor nas ações do IRB Brasil (SA:IRBR3) Resseguros, "principalmente por uma percepção de parcela do mercado sobre a sustentabilidade dos seus elevados níveis de retorno sobre o capital", o que voltava a pressionar as ações da companhia.
No começo da semana passada, as ações da empresa de resseguros desabaram reagindo a comentários da gestora, de que indícios apontam para lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da companhia.
"Essa disparidade entre lucro contábil e lucro normalizado foi crescente durante o período e atingiu sua maior diferença nos resultados trimestrais mais recentes', disse na ocasião, ponderando, contudo, não ver razões legais ou regulatórias para a divulgação de tais lucros de modo diferente.
Naquela ocasião, o IRB disse que sua performance financeira e seu 'earnings power' estão fielmente retratado nas referidas demonstrações contábeis que são elaboradas segundo as normas contábeis e atuariais vigentes no Brasil com absoluta precisão, passando por um rigoroso processo de governança.
"Explicamos apenas que houve ganhos que entendemos como 'extraordinários', 'one-offs' ou 'não recorrentes', bem como expusemos os fundamentos para os classificarmos de tal forma", afirmou na correspondência aos cotistas no último domingo a Squadra, que tem sede no Rio de Janeiro.
A Squadra também questionou no texto da véspera os comentários feitos pelo IRB a respeito da análise, citando que executivos da companhia reuniram com analistas do 'sell-side' para rebater o estudo a gestora.
"Entendemos como apropriado que a companhia apresente suas considerações. Naturalmente, o IRB possui uma grande quantidade de informações e dados não públicos, os quais poderia vir a divulgar com vistas a refutar algum ponto específico levantado em nossa análise", afirmou.
A gestora também ressaltou que desde a carta aos cotistas de 2 de fevereiro as comunicações do IRB de que teve conhecimento vêm buscando confrontar a análise de outra forma, a qual não julga correta. "Nos conference calls e na apresentação disponibilizada, a companhia e seus executivos têm afirmado que o estudo da Squadra contém 'a lot of mistakes' (muitos erros)."
"A Squadra não tem compromisso com o erro. Caso eventual nova informação invalidasse algum ponto abordado, não teríamos problema em revisar nosso entendimento... Todavia, com base nas comunicações a que tivemos acesso, não houve apresentação de nova informação que nos fizesse alterar nosso entendimento."
Por volta das 10:40, os papéis do IRB caíam 6,50%, a 36,96 reais, maior queda do Ibovespa, que cedia 0,14%. Desde a última segunda-feira, os papéis já acumulam desvalorização de cerca de 18%. O IRB divulga balanço trimestral e do ano de 2019 em 18 de fevereiro, após o fechamento do mercado.
Na carta do dia 2, a Squadra disse que o investimento vendido (short) nas ações do IRB se tornou uma de suas maiores posições. A construção da posição na companhia teve início em maio de 2018. Assim, os fundos da gestora se beneficiam de uma queda das ações, algo reafirmado na comunicação do domingo.