Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - A Sami, que oferta planos de saúde, captou 90 milhões de reais em rodada liderada por Redpoint eventures e Mundi Ventures, para investimentos em tecnologia e expansão, com a intenção de levar a operação a um equilíbrio entre receita e despesas, o chamado "break even", em 2024, disse a empresa nesta quinta-feira.
A startup, fundada em 2018, ofertava serviços de tecnologia e dados para reduzir os custos das operadoras de saúde, mas mudou de ramo e passou ela própria a vender os planos, em especial a Microempreendedores Individuais (MEIs) e pequenas empresas. A companhia opera em sete cidades e faturou 60 milhões de reais em 2022.
A rodada anunciada nesta quinta-feira, a quarta da Sami, também teve a participação de Alumni Ventures, Endeavor Catalyst, Digital Horizon, Tau Ventures, e foi acompanhada por atuais acionistas incluindo Monashees e Valor Capital. A empresa não revelou a avaliação implícita na nova captação.
Vitor Asseituno, presidente da Sami, afirmou à Reuters que os fundadores, ele e Guilherme Berardo, ainda mantêm o controle da empresa através da maior parte dos sete assentos do conselho de administração.
"A rodada tem exatamente o objetivo de levar ao 'break even'", disse Asseituno, quando a companhia passará a ter lucro operacional medido pelo Ebitda.
Com os recursos captados, a Sami mira uma duplicação na receita, para 120 milhões de reais, neste ano, e um aumento dos membros ativos dos atuais 18 mil para 27 mil em dezembro. Esta projeção, porém, é abaixo da ventilada por ele próprio anteriormente na mídia, o que o executivo atribuiu ao maior foco em rentabilidade.
Para alcançar o "break even", a companhia pretende sustentar investimentos já feitos em tecnologia, bem como criar novas ferramentas ao usuário. Asseituno disse que as novas medidas ainda não estão mapeadas, mas deu exemplo de ações tomadas recentemente, como a possibilidade de autoagendamento de consultas, e a implementação de protocolos de saúde que se retroatualizam conforme as decisões dos médicos.
Além disso, a Sami pretende escalar a operação entre empresas maiores - o executivo conta que a startup, inclusive, aumentou a barra para o que considera empresas grandes: de mais de 10 funcionários para mais de 30. O segmento já representa 16% do total de membros da companhia.
ESTREIA COM CORRETORES
Pensando nisso, a Sami também anunciou nesta quinta-feira o início da parceria comercial com corretores para venda dos planos. A expectativa é que eles representem 50% das vendas já no final do ano, segundo Asseituno. Por enquanto, são cerca de 20 parceiros, em função de um programa-piloto que estava sendo executado. A Sami não revela as comissões dos corretores, mas o executivo diz que é o "padrão de mercado".
"Quando você vai para empresas maiores, elas, em geral, já têm planos. E, no Brasil, quem tem plano de saúde, tem corretoras, porque todas as operadoras tradicionais usam corretor", disse ele.
A nova captação da Sami ocorre em um momento ainda de dificuldade para as startups, com os juros mais elevados globalmente dificultando o acesso a capital. A Sami, inclusive, foi uma das companhias que realizou demissões em meados do ano passado.
O setor de planos de saúde no Brasil também vive situação adversa, após recente disparada da sinistralidade - a relação entre as despesas dos planos com atendimentos e suas receitas.
A sinistralidade da Sami subiu de 50% no primeiro ano de operação para 71% no terceiro trimestre do ano passado, um nível ainda abaixo do visto, em geral, no mercado, conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), embora o tamanho e o fato da operação ser recente tornem qualquer comparação mais cinzenta.