Investing.com – Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, afirmou que o mercado está muito sensível e reagindo excessivamente a qualquer dado negativo relacionado à economia dos EUA. No entanto, estaria subestimando o risco geopolítico, disse, questionando os motivos para a valorização robusta do ouro. A fala ocorreu durante o painel “Perspectivas Macroeconômicas e Oportunidades de Investimento”, no evento Macro Day, promovido nesta terça-feira, 20, pelo banco BTG Pactual (BVMF:BPAC11)
Também durante o evento, o gestor da Verde avaliou as políticas anunciadas pela candidata democrata Kamala Harris como ruins e brincou: “imagina se a gente desse essas ideias para o PT”. Além disso, considerou que, se Harris for eleita, terá um governo de burocratas do setor público sem nenhuma experiencia no setor empresarial.
Sobre as perspectivas dos juros, destacou as mudanças nas estimativas de mercado e afirmou que “o Fed nunca disse que cortaria em 2024 o que o mercado precificava em dezembro de 2023”. Agora, a expectativa é de cortes mais graduais, mas ele lembra que “na história americana, toda vez que o mercado olhava o juro no topo e a curva dos próximos dois anos, quando os juros começam a cair, eles sempre surpreendem caindo mais”.
André Jakurski, sócio-fundador da JGP, que também participou do painel, não acredita que haja real necessidade de cortes nos juros americanos para que a economia funcione bem, diante de um "déficit fiscal gigantesco", e trabalhando a pleno emprego. “Acho que a economia americana continua trabalhando acima do seu potencial”. Se houver uma desaceleração suave nos juros, no entanto, deve beneficiar os mercados.
Jakurski avalia que os indicadores antecedentes não funcionaram devidamente neste ano, pois indicavam mais fraqueza nas economias do que a realidade demonstrou. Além disso, mencionou preferência pela candidata democrata Kamala Harris, porque considera o republicano Donald Trump um “sujeito imprevisível” que “amanhã pode fazer uma maluquice”.
Juros nos EUA: Fed atrás da curva?
Em contraponto aos outros especialistas, Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, discorda que o Fed não tenha direcionado a visão dos investidores no início do ano. Além disso, acredita que a economia americana estaria em claro processo de desaceleração, com alta na taxa de desemprego.
“As economias, principalmente de países desenvolvidos, não desaceleram direto de 4% para 0%”, ressalta. Em relação às empresas listadas nas bolsas americanas, alertou para guidances que considera mais preocupantes, principalmente para aquelas companhias em setores mais afetados por juros. Com um cenário de desaceleração global, os Bancos Centrais, em sua visão, estão “morrendo de medo de fazer besteira”.
Volatilidade nas projeções ao longo do ano
A volatilidade de opiniões vem marcando este ano, na opinião de André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, que considerou 2024 como atípico. Se antes, investidores entendiam que os juros iriam cair em março, houve uma mudança robusta nas estimativas e, “até 45 dias atrás, achávamos que os juros iriam cair somente em abril do ano que vem”, recorda.
Pouco depois, o mercado discutia possível reunião extraordinária do Fed para reduzir os juros emergencialmente à beira de uma recessão, enquanto agora, a expectativa está mais moderada e o mercado passou a enxergar corte de 0,25 ponto percentual em setembro.