SÃO PAULO (Reuters) -O presidente-executivo da Suzano (BVMF:SUZB3), Walter Schalka, afirmou nesta sexta-feira, em sua última apresentação de resultados trimestrais à frente da companhia, que a empresa manterá sua disciplina de capital e política financeira.
A Reuters publicou nesta semana, citando fontes, que a Suzano contatou a International Paper para uma possível oferta de aquisição, avaliada em 15 bilhões de dólares, o que preocupou investidores e derrubou as ações da companhia.
Schalka não comentou a reportagem da Reuters, citando especulações da imprensa, mas afirmou: "Em todos os movimentos que fizemos, fomos muito disciplinados em nossa política".
"Não entendo a reação do mercado agora... Não vamos fazer nada que possa criar algum tipo de risco para a companhia... Não vamos fazer qualquer movimento só para crescermos, mas para criar valor", disse o executivo, evitando comentar a possibilidade de apresentar uma oferta formal pela IP.
As ações da Suzano exibiam queda de 1,2% às 14h21, cotadas a 52,10 reais. No mesmo horário, o Ibovespa mostrava baixa de 0,3%.
Desde a publicação da reportagem da Reuters a ação da companhia acumula desvalorização de 12%, em meio às preocupações dos investidores sobre o tamanho da aquisição que a Suzano pode estar se preparando para fazer e os impactos na alavancagem da companhia.
Segundo o executivo, a Suzano pode ultrapassar o limite de sua alavancagem máxima de 3,5 vezes, desde que a diretoria proponha "remédios" para fazer o endividamento adicional ser reduzido.
O executivo afirmou que espera no segundo trimestre preços médios de celulose maiores que no primeiro o que deve contribuir para elevar as margens de lucro da companhia.
Em fevereiro, o conselho de administração da Suzano decidiu pela sucessão de Schalka, que é presidente-executivo da companhia desde 2013. O executivo permanecerá no cargo até 1 de julho, quando será sucedido por João Alberto de Abreu.
"SOBREVENDIDA"
O diretor comercial de celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, afirmou que a companhia está "completamente sobrevendida" para os próximos trimestres e que a empresa está limitando as entradas de novas encomendas.
Em meio a esse contexto, a Suzano alcançou em abril 94% de conclusão da nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, conhecida como Projeto Cerrado e que deverá adicionar 2,5 milhões de toneladas de capacidade para a empresa ao longo dos próximos meses.
Na avaliação de Schalka, após a entrada em operação do Projeto Cerrado, prevista para este semestre, o Brasil não deverá ver novas fábricas iniciando atividade nos próximos três anos. Segundo o executivo, os novos projetos vão precisar de um preço de celulose mais alto para bancar custos maiores que incluem disponibilidade de madeira e energia.
Questionado sobre uma eventual oportunidade de novo programa de recompra de ações diante da queda do valor dos papéis nos últimos dias, o diretor financeiro, Marcelo Bacci, afirmou que a companhia já tem um programa em aberto, iniciado em janeiro, e que já recomprou do programa 6 milhões de um total autorizado de 40 milhões. "Então temos a possibilidade de recomprar mais 34 milhões de ações", disse Bacci.
(Por Alberto Alerigi Jr.Edição de Pedro Fonseca)